O tomate e a batata formam a dupla mais importante de hortaliças no país. As áreas tradicionais no plantio do tomate estão centralizadas em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Goiás, Bahia, Pernambuco e Ceará. Já as áreas em expansão ocupam Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Conforme Nirlene J. Vilela, também pesquisadora da Embrapa Hortaliças, a produção do tomate in natura aumentou rapidamente desde 1970. Naquele ano, a produção brasileira alcançou 612,1 mil toneladas. No ano 2000, somou 1,9 milhão de toneladas.
Entre a década de 90 e o ano 2000, a produção subiu de 1,3 milhão para 1,9 milhão, respectivamente. Os pesquisadores afirmam que, atualmente, a produção brasileira distribui-se entre as regiões Sudeste, com 55%; Nordeste, com 19%; Sul, com 13%; e Centro-Oeste, com 13%.
Em 1970, a área cultivada somava 31 mil ha. Em 2000, passou para 42,7 mil ha. Entre os anos 80 e 2000, a área cultivada saltou de 32,5 mil ha para 42,7 mil ha. Houve incorporação de 10,2 mil ha. E expansão de área de 31%.
Trabalho realizado pelos pesquisadores revela que a média de produtividade brasileira do tomate era de 19 t/ha, nos anos 70. Em 2000, a média subiu para 46,3 t/ha. Para isso, contribuiu a tecnologia e introdução de novas cultivares, como Kada e Santa Clara, além do início de plantio de híbridos de longa vida, como Carmem. Os pesquisadores afirmam que a produtividade brasileira continua em crescimento.
O tomate é uma cultura anual, que pode ser plantada ao longo do ano. A colheita depende do ciclo da variedade, entre três e quatro meses. Aos 90 dias começa a colheita, que se estende até 120 dias.
Giordano explica que o mercado apresenta inúmeras variedades, produzidas no país, e híbridos, material feito no exterior. Entre eles estão Carmem, híbrido com longa vida, isto é, dura três vezes mais que uma variedade comum. E as variedades Santa Clara e Jumbo.
O tomate exige solo fértil, bem drenado, que não encharque demais e com estrutura física boa. O pesquisador cita o exemplo das regiões de Araguari, em Minas Gerais, e Goianópolis, em Goiás, como ideais.
A planta também não suporta temperatura fria e não tolera geadas. Exatamente por isso, o plantio no sul do país só pode ser feito em épocas mais quentes. O frio excessivo causa abertura nos frutos e a cor vermelha é substituída pelo amarelo. Já o calor excessivo e umidade aumentam o índice de doenças.
Exigente também em adubação, o tomate requer fósforo (P) e cálcio (Ca). Daí, a importância da análise de solo e da calagem. O pesquisador afirma que a necessidade se estende a todos os macronutrientes, como Nitrogênio (N), Potássio (K), Magnésio (Mg) e Enxofre (S).
O plantio obedece a espaçamento de um metro entre linhas e 0,50 m entre plantas. O cultivo deve ser irrigado. A maior parte é feita com irrigação por sulco. E parte por gotejamento com fertirrigação.
Giordano afirma que, atualmente, houve mudança no sistema de propagação. Antes, a sementeira era feita no chão, isto é, no campo. Hoje, produz-se em bandejas e casas de vegetação. Portanto, as mudas ganham em tecnologia, chegam ao campo desenvolvidas, com torrão e menos estresse.
Os tratos culturais são responsáveis pelo bom desenvolvimento da cultura. Na escolha da área, além do tipo de solo, convém evitar proximidade com lavouras velhas, por causa das pragas e doenças.
No estaqueamento usar estacas de bambu, arame e fitilho (fita plástica). O arame deve ter 1,70 m de altura. Amarrar a estaca nesse arame e o tomate na estaca. Na condução da irrigação convém não fazer canais muito compridos, porque causam perda de água. E obedecer o tipo de solo. Para solos arenosos, canal de irrigação mais curto. E, para solos argilosos, canal de irrigação mais comprido.
Giordano explica que o controle de ervas daninhas depende da região e do tipo de erva encontrada na área. De qualquer maneira, deve ser feita capina no pé do tomate, especialmente em períodos de chuva. Outro cuidado importante é manter limpo o sulco de irrigação.
Ele assegura que a cultura é atacada especialmente por duas pragas: a traça-do-tomateiro e a mosca-branca. A primeira ataca as folhas do tomate, frutos e brotação nova. Causa perfuração nas folhas e nos frutos, independente da idade da planta. O controle é feito com pulverizações de inseticidas semanais.
Já a mosca-branca ataca as folhas. Como conseqüência, os frutos não amadurecem, tornam-se amarelados e duros. Combate-se a praga com pulverizações semanais de inseticida. Evita-se também a praga com a destruição dos restos de cultura.
A principal doença, geminivirus, transmitida pelo vírus vira-cabeça, quando precoce, mata a planta. E, tardia, causa mancha nos frutos, que deixam de crescer. O combate é feito por uma pulverização semanal com inseticida, ou seja, pelo controle do inseto vetor com inseticida.
A doença requeima, que causa a queima de folhas por fungo, é combatida por fungicidas. Deve-se também evitar o plantio em lugares úmidos e próximo a rios.
Atualmente, a norma de classificação para tomate é seguida em parte e não na totalidade. José Maria Sigrist, pesquisador do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital) afirma que, na prática, a classificação obedece a normas de tamanho e formato.
Os tomates de mesa podem ser oblongos e redondos, o que equivale a formatos. Ainda pode ser definidos por calibre ou classes, ou seja, tamanho. Para o tomate oblongo, o tamanho 4, pequeno, gira em torno de 4 a 5 cm; o tamanho 5, médio, de 5 a 6 cm; o tamanho 6, grande, de 6 a 7 cm; o tamanho 7, de 7 a 8 cm; o tamanho 8, novamente grande, maior que 8 cm.
Já o tomate redondo é classificado como tamanho 5, pequeno, de 5 a 6 cm; tamanho 6, pequeno, de 6 a 6,5 cm; tamanho 6,5, médio, de 6,5 a 7 cm; tamanho médio 7, de 7 a 8 cm; tamanho grande, de 8 a 9 cm; tamanho 9, grande, de 9 a 10 cm; e tamanho 10, gigante, maior que 10 cm. A classificação tipo, por sua vez, inclui danos mecânicos, manchas, tomates ocados, deformados e com podridão.
Ana Lúcia Mourad, pesquisadora de embalagens celulósicas do Ital, concorda com Sigrist sobre a não-utilização de normas ideais para a embalagem do tomate, e explica que a caixa tipo K, de madeira, com capacidade para 23 kg cada uma é ainda a mais usada no varejo para embalar tomates.
Na opinião de Giordano e Nirlene, os principais fatores para produção de tomate no Brasil, isto é, terra e mão-de-obra continuam disponíveis. Mais: existem diversos tipos de produção e as pesquisas públicas e privadas continuam avançando.