A adesão da Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) por parte dos produtores, de modo geral tem avançado no Brasil. Apesar disso, a técnica ainda tem grande potencial de crescimento em algumas regiões do País, como é o caso do Nordeste, por exemplo. Segundo dados da Rede ILPF levantados pela Kleffmann Group, mostra que o Brasil conta com aproximadamente 11,5 milhões de hectares com sistemas integrados de produção agropecuária (safra 2015/2016).
Porém, o Nordeste conta apenas com 1,3 milhão de hectares implantados. Para tentar ampliar esses números, alguns projetos vêm sendo realizados e apresentam bons resultados. Uma dessas iniciativas acontece no Estado de Alagoas, na região litorânea também conhecida como Zona da Mata, em Capela, na Fazenda Bandarra.
De acordo com o engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa Florestas, Vanderley Porfírio da Silva, que participou da implantação do projeto, o trabalho iniciou-se em 2016 com a plantação de eucaliptos e pastagens. “Embora os dados ainda estejam sendo apurados, já é possível aferir ganhos de produtividade. Antes a atividade era voltada somente para produtos de origem animal, com a integração, agora já há também a produção de madeira”, destacou.
No caso do ensaio instalado na Fazenda Bandarra, a presença das árvores gera um saldo positivo superior a uma tonelada de carbono, equivalente por hectare e em relação à emissão de metano entérico do rebanho presente nos 78 hectares do ensaio silvipastoril. Ou seja, em termos de sustentabilidade ambiental, é uma produção adequada. “Na mesma área, além da produção de carne também se tem madeira, enquanto que as áreas de pecuária tradicional não têm esse produto para ofertar. Enfim, o ensaio que estamos acompanhando no terceiro ano demonstra potencial da ILPF para a região”, destaca o pesquisador.
Para Alex Magalhães de Lima, engenheiro agrônomo e consultor de pecuária que também participou da implantação na Fazenda Bandarra, a ILPF tem se mostrado como uma opção econômica interessante para os produtores locais. Segundo ele, a região que até então era predominada pela plantação de cana-de-açúcar, diante da crise, passou a migrar para outras culturas como o eucalipto tradicional e também a pecuária. “Com a integração dos sistemas, o produtor passa a ter mais que uma opção de renda na mesma área, sem contar que uma atividade complementa a outra”, destacou.
Na Fazenda Bandarra, é realizado o sistema de recria e engorda de novilhas que são destinadas ao abate, entram com 7 arrobas e saem com 15 para abate. Segundo Lima, os resultados preliminares na propriedade mostram que com a implantação da ILPF a fazenda atingiu a lotação de 1,6 Unidade Animal (UA) por hectare. O resultado parece pouco, mas é mais que o dobro da média da região que atualmente é de 0,7 UA por hectare. “Aperfeiçoando alguns pontos, podemos chegar sem dúvida a mais de 2 UA por hectare”, afirmou.
A propriedade ocupa uma área de 92,14 hectares (HA), destes, 85,41 HA são de área de pastagens. A lotação atual é de 180 animais, com peso médio de 330kg de peso vivo. O ganho médio diário tem sido de 0,540 kg/cabeça/dia, com a produção de 13,84arrobas/HA/ano no custo médio de 6,5 arrobas/HA/ano.
Potencial da Região
De acordo com Thiago Felipe dos Santos Feitosa, RTV da Soesp – Sementes Oeste Paulista há oito anos, e grande conhecedor da região, os resultados da Fazenda Bandarra comprovam o potencial da ILPF no Nordeste brasileiro. Segundo ele, a procura por parte dos produtores locais pela integração ainda é pouca, mas devagar eles vão conhecendo a técnica e essa demanda tende a aumentar. “O produtor da região acha que para realizar a ILPF precisa de tecnologia muito avançada, de muito recurso ou alto custo e isso não é verdade. Com certeza a ILPF é o caminho e uma excelente alternativa a eles”, destaca.
Como solução importante na ILPF a Soesp oferece a tecnologia exclusiva Advanced, presente nas sementes para pastagens comercializadas pela empresa. Entre os seus diferenciais está a inteligência na absorção de água, a resistência do tratamento durante o plantio, além de serem produtos uniformes e de alta pureza. “As sementes de pastagem da Soesp são ideais para os produtores que desejam iniciar a integração em suas propriedades”, diz Feitosa.
Para Alexandre Tenório de Cerqueira Lobo, um dos proprietários da revenda Diagro, parceira da Soesp em Maceió, há muita oportunidade para a ILPF no Nordeste, principalmente em sua região, pois existe muita terra ociosa, antigas áreas de cana-de-açúcar que poderiam ser usadas e que ajudariam a melhorar a economia do Estado.
Entretanto, falta um estudo na região mais aprofundado para o produtor local ter conhecimento dos benefícios da integração. “Precisamos de pesquisas e dados reais sobre a ILPF para a nossa região, e que esses estudos sejam desenvolvidos para a realidade local. Com a informação teríamos totais condições de ter altas produções de forma sustentável e assim surgiria demanda com a chegada de indústrias”, finaliza Lobo.