Política

MP do Agro vai facilitar acesso do produtor a crédito

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) trabalha para que até o final de agosto estejam concluídas uma série de medida que devem resultar na MP do Agro, Medida Provisória do Agronegócio. Elas devem incluir: linhas de financiamento para construção de armazéns para cerealistas; formas de o produtor dar em garantia de pagamento de apenas uma parte de sua propriedade; fundo de aval fraterno para grupos de agricultores e diversos mecanismos de estímulo a mecanismos de capitalização, como Cédula do Produtor Rural. A informação foi passada por Wilson Vaz de Araújo, diretor de Financiamento e Informação da Secretaria de Política Agrícola do MAPA, em palestra na abertura do Congresso ANDAV – Fórum e Exposição, realizada nesta segunda (12), em São Paulo.

O representante do MAPA também enfatizou em sua palestra os esforços para aprimorar a política de crédito e financiamento da pasta. Mostra disso, segundo lembrou, foi a destinação de R$ 1 bilhão para o seguro rural, dentro do Plano Safra 2019/2020, que totaliza R$ 225 bilhões, pensado para atender prioritariamente as necessidades de médios e pequenos produtores.

Araújo detalhou ainda as projeções de longo prazo para a agricultura, que prevê uma produção na casa dos 300 milhões de toneladas de grãos em 2029 e desmentiu a teoria de que o agricultor brasileiro recebe muitos subsídios. “Um estudo elaborado pela OCDE – Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico revelou que, enquanto no Brasil o apoio ao produtor representa apenas 1,5% do VBP (Valor Bruto de Produção), nos Estados Unidos é de 12%, na União Europeia chega a 20% e atinge marcas como 40% no Japão, 50% na Coreia e 62% na Noruega. Estamos muito distantes de ser o (país) que mais oferece subsídio”, concluiu o palestrante.

O presidente do Conselho Diretor da ANDAV, Antonio Henrique Botelho Lima, afirmou, na abertura do evento, que ele tem como missão discutir a agricultura 4.0, seus desafios e barreiras. “Com presença em todos os estados brasileiros, a ANDAV pretende se fortalecer, cada vez mais, pois o distribuidor não é apenas um operador logístico, mas também por participação na geração e disseminação de tecnologia e conhecimento científico para os produtores agrícolas”, afirmou. Destacou ainda que num momento de muitas críticas feitas ao agronegócio, é preciso reforçar a importância de um segmento que é responsável por garantir alimentos seguros ao Brasil e ao mundo. “Muitas dessas críticas não passam de desinformação”, ponderou Lima.

O secretário da Agricultura de São Paulo, Gustavo Junqueira, concordou com a análise do presidente do Conselho da Andav sobre reação aos ataques ao agro. “Não podemos ficar só reclamando. Chegou a hora de arregaçar as mangas e mostrar o outro lado da moeda. Temos de mostrar ao Brasil e, principalmente, ao mundo, que usar defensivos agrícolas faz parte do negócio e que sem eles não se tem agricultura, sobretudo em ambiente tropical. E a nossa agricultura é toda ela baseada em ciência e tecnologia”, disse Junqueira.

O deputado federal Arnaldo Jardim, integrante da Frente Parlamentar da Agropecuária da Câmara Federal, destacou o papel importante da ANDAV de levar conhecimento, transferir tecnologia e inovação ao pequeno e médio produtor rural. Também participou da abertura do evento o secretário de Desenvolvimento Econômico do Mato Grosso, Cesar Alberto Miranda Lima dos Santos Costa, que enfatizou que seu estado só chegou a posto de uma dos maiores produtores agrícolas e líder na produção de carnes e algodão, graças ao apoio dos distribuidores de insumos agrícolas e veterinário, representados pela ANDAV.

Oportunidade para o agro brasileiro

A guerra comercial dos Estados Unidos com a China e a perspectiva de novo embate dos EUA também com o México pode impulsionar alguns setores do agronegócio brasileiro. Um deles é o de soja, uma vez que o Brasil divide com os Estados Unidos o maior mercado do mundo, a China, e seria de imediato “beneficiado pela disputa entre os dois países”.

Por outro lado, o elevado consumo chinês de suíno – mais que o dobro do Brasil – e o impacto da gripe suína no rebanho daquele país abre uma boa janela de oportunidades para os produtores brasileiros, seguindo o mesmo caminho dos produtores de carne bovina.

Além disso, o agro pode e deve se beneficiar também da atual relação cambial favorável, “antes de ocorrer uma recessão nos Estados Unidos, pois certamente ela vai acontecer”, preconiza o economista Ricardo Amorim, o que deve contaminar o resto do mundo mencionando os analistas internacionais.

Amorim enfatizou os dados da Nasa de que apenas 9% das terras do Brasil, sem incluir a Amazônia, são áreas agrárias para relembrar o potencial do país neste setor. “Isso cria um potencial gigantesco para o agronegócio brasileiro”. No entanto, alertou, é preciso agregar maior valor ao produto. “O agronegócio tem um desafio pela frente de agregar valor ao produto”.

Segundo Amorim, após a crise econômica, este é o momento econômico mais oportuno para os investidores. “Com inflação baixa, a queda dos juros, e a aprovação da reforma da previdência, o crédito ao consumidor vai voltar estimulando o consumo e a volta do crescimento. Existe uma janela de oportunidade que pode e deve ser aproveitada hoje, e não no pico, como muitos costumam pensar. Mas para isso é preciso superar o gap tecnológico. Existe uma revolução tecnológica fora e quem não inovar ficará de fora dela”.

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