Um estudo demonstrou que a adoção de sistemas integrados no país depende de pesquisa, financiamento e orientação técnica. Esses modelos de produção, principalmente os que associam árvores, são importantes ferramentas no enfrentamento do aquecimento global. Além dos sistemas integrados, há o plantio direto, fixação biológica de nitrogênio, tratamento de dejetos animais, redução do desmatamento, plantio de florestas, entre outras medidas que contribuem para mitigar as emissões de gases de efeito estufa.
O trabalho da Embrapa Pecuária Sudeste, de São Carlos, em parceria com a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), focou na integração de sistemas de produção e no papel das instituições na adoção dessa tecnologia.
A pesquisa baseou-se em um levantamento com produtores rurais de várias regiões do estado do Estado de São Paulo, realizado na safra 2016/2017, e em referências teóricas sobre o tema, como resoluções governamentais, planos nacionais, estaduais, etc.
“Mapear quais são as instituições, quais são as ‘regras do jogo’, como elas são traduzidas e operacionalizadas e quem são os atores responsáveis por apoiar e estimular a adoção de sistemas de integração é relevante para se pensar em políticas públicas e em ações de transferência de tecnologias”, acredita a pesquisadora Marcela Vinholis, da Embrapa Pecuária Sudeste, que coordenou o estudo. Ainda, a pesquisadora destacou que conhecer as variáveis que interferem na decisão de diversificar a produção contribui para conhecer o que está funcionando, o que pode ser melhorado e onde estão os gargalos. “Você consegue visualizar onde é possível uma ação ou estratégia para incentivar a adoção. Por exemplo, as linhas de crédito específicas para ILPF estão bem desenhadas. No entanto, a maioria dos produtores não acessa essa modalidade de financiamento por desconhecimento”, ressalta Marcela.
Desde que o Brasil assumiu o compromisso de reduzir as emissões de gases de efeito estufa durante a Conferência de Mudança do Clima, em 2009, vêm sendo adotadas várias estratégias de mitigação, entre elas, a implantação de ILP/ILPF.
O desenho das instituições para que o Brasil alcance suas metas baseou-se em três pilares: pesquisa, capacitação e financiamento. Trabalhos científicos com foco em sistemas integrados têm gerado informações técnicas, econômicas e ambientais que dão suporte e confiança para o produtor investir nesses modelos. Foram abertos editais específicos por agências oficiais de fomento para estudo desses sistemas, empresas de pesquisa e desenvolvimento acrescentaram em suas agendas de trabalho a linha de pesquisa em sistemas de integração e instituições de ensino têm em suas grades curriculares disciplinas voltadas para capacitação de profissionais em ILP e ILPF.
Em relação à extensão rural, o estudo apontou que a falta de orientação técnica pode ser um limitante na ampliação de áreas com integração de culturas. Os técnicos são essenciais para a transferência de tecnologias e para levar informação para o produtor rural manejar e gerenciar os sistemas de integração, que são mais complexos do que sistemas solteiros de produção.
No que diz respeito a recursos para investimento e custeio, linhas de crédito específicas para a adoção de práticas e tecnologias mitigadoras de GEE, com destaque para o Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), aumentam a probabilidade de adoção desses modelos mais sustentáveis. O acesso a esse tipo de financiamento reduz a restrição orçamentária, incentivando os produtores a aceitarem projetos mais arriscados, porém com maior expectativa de retorno.
Além de pesquisadores da Embrapa Pecuária Sudeste, fazem parte da pesquisa profissionais da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O suporte financeiro foi da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
O Plantio direto, a ILP, a ILPF é um caminho sem volta esta mais do que provado que é o Agro Negócio que já deu certo.