Pecuária

Nelore – o perigo da consanguinidade

É por preocupante a evolução do nível de consanguinidade da raça Nelore no País. Apenas para citar um exemplo, 10 touros utilizados entre 1994 e 1998 foram responsáveis por praticamente 20% de todos os bezerros Nelore nascido no País.

Essa é apenas uma das conclusões do trabalho “intervalo de gerações e tamanho efetivo da população na raça Nelore”, de autoria de Fábio José Carvalho Faria, Aníbal Eugênio Vercesi Filho e Fernando Henrique Madalena (todos da Universidade Federal de Minas Gerais) e Luis Antônio Josahkian (Faculdade de Zootecnia de Uberaba e ABCZ), apresenta na 38ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia em 2001.

A central de inseminação Lagoa da Serra levou a sério o alerta do trabalho dos especialistas da UFMG e Fazu e, como primeira decisão firmou parceria com a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) para divulgação intensa do uso do PAD (Programa de Acasalamento Dirigido), criado pela ABCZ em 2000. “O controle dos níveis de consanguinidade dos acasalamento é um dos componentes utilizados pelo PAD para seguir combinações que otimizem o melhoramento genético das safras futuras. A Lagoa não pode assistir impassível a essa concentração do rebanho Nelore”, ressalta Maurício José de Lima, gerente de MArketing a central.

Além da parceria, encomendou-se um estudo á ABCZ para saber se a bateria de reprodutores da central está preparada para acasalar as fêmeas Nelore do rebanho nacional sem repassar alto grau de consanguinidade. O resultado do trabalho dos técnicos da ABCZ, que avaliou 11.013 novilhas nascidas em 2000 chegando aos seguintes resultados:
– 53% de todos os possíveis acasalamentos dos touros Nelore da Lagoa da Serra com as 11.013 novilhas deram resultado de consanguinidade igual a zero.
– Os demais 47% dos possíveis acasalamentos têm consanguinidade média igual a 3,69%.
– A consanguinidade média de todos os possíveis acasalamentos das 11.013 novilhas Nelore com os touros Nelore da bateria da Lagoa da Serra foi de 1,75%.
– 95% de todos os possíveis acasalamentos dos toros da Lagoa da Serra com as 11.013 novilhas dão nível de consanguinidade entre 0 e 5%.

Segundo Maurício José de Lima, é expressiva a importância acasalamento para o resultado econômico dos projetos pecuários.

Em casos de níveis de consanguinidade próximos a 40%, por exemplo, a perda no ganho médio diário do nascimento ao desmame (205 dias) poderá ser 10% e a perda do nascimento ao sobreano (550 dias) poderá atingir outros 10%. “Isso sem contar que a consanguinidade pode afetar também os níveis de fertilidade do rebanho”, ressalta o dirigente da Lagoa da Serra.

Importância do PAD

O Programa de Acasalamento Dirigido (PAD), da ABCZ, é uma ferramenta extremamente prática e importante para controlar a consanguinidade e maximizar o ganho genético do rebanho Nelore. Veja um exemplo: determinado criador de Nelore que tenha 200 vacas e escolhe 10 touros da bateria da Lagoa da Serra, receberá as informações de cada uma das fêmeas com os reprodutores eleitos, totalizando 2.00 possíveis acasalamentos. Isso não é tudo: o criador recebe duas informações extremamente importantes para cada acasalamento: o nível de consanguinidade e o valor genético do produto nascido do acasalamento sugerido.

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