Por Marcos Bassi* e André Monaretti** – O agronegócio brasileiro tem contribuído significativamente para os índices econômicos do Brasil, atingindo cada vez mais profissionalização, governança, gestão, eficiência e produtividade. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) revelam que esse setor responde por 42% das exportações brasileiras, atingindo US$ 102 bilhões em 2018, um crescimento de 6% em relação ao ano anterior e saldo positivo na balança comercial brasileira de quase US$ 90 bilhões. Esses números, alinhados com o fato do agronegócio representar 23% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, provam que o Brasil País é uma potência global no setor.
Nesse ambiente, a utilização de tecnologia, já aplicada intensamente, está diretamente relacionada com a geração de emprego e renda. Com recursos tecnológicos, os níveis de produtividade do agronegócio brasileiro tem desempenho muitas vezes superior ao dos principais competidores mundiais. No caso da soja, por exemplo, a produtividade média mundial da safra de 2017/18 foi de 2,74 ton/hectare, enquanto, no Brasil, foi de 3,47 ton/hectare. Os Estados Unidos (principal concorrente) tiveram produtividade 5% inferior à do Brasil.
As perspectivas são otimistas e o Brasil já reúne mais de 135 empresas de desenvolvimento tecnológico direcionadas para o aprimoramento do agronegócio. Entre as soluções mais atuais, estão as que envolvem agricultura de precisão, drones, satélites, análise de dados, Internet das Coisas, inteligência artificial e gestão em nuvem.
Um dos recursos que vem ganhando espaço está associado à utilização de drones para diversas finalidades. Considerando a versatilidade desses equipamentos e o baixo custo de operação, muitas fazendas empregam drones para realizar análise da plantação, demarcação de plantio, acompanhamento de safra e pastagem, pulverização, monitoramento de desmatamento e vigilância.
Além de todas essas possibilidades, a convergência com o trabalho de auditoria está na utilização dos drones para a contagem de rebanhos, garantindo um inventário mais preciso e eficiente com a localização de animais em menos tempo, envolvendo menos pessoas e reduzindo custos.
O inventário de cabeças de gado é essencial para a proteção do patrimônio e o controle das movimentações, contribuindo também para melhorar eficiência da produção, rentabilidade dos negócios e sustentabilidade da operação. Com os drones, a expectativa de contagens de 30 mil cabeças, que demandaria o envolvimento de várias pessoas e aproximadamente 40 dias de trabalho, pode ser feita em até cinco dias. Para que isso ocorra, os drones sobrevoam as propriedades rurais e, por meio do registro de imagens e integração com recursos de computação, fazem a contagem dos animais.
Como a transformação digital está impactando todos os setores, o agronegócio também deve sofrer mudanças. Produtores rurais e grandes investidores já perceberam a necessidade de se reinventarem, estão atentos às tendências e têm destinado recursos financeiros que deverão ampliar ainda mais este mercado. Aproveitar o potencial de crescimento do agronegócio brasileiro é, nesse sentido, apostar em um produto determinante para o sucesso econômico do Brasil em termos de desenvolvimento econômico com geração de emprego e renda.
Em um mundo cada vez mais globalizado, a resiliência das organizações e a capacidade de se manterem competitivas está diretamente relacionada com a implementação de tecnologias inovadoras em escala internacional. Tendo em vista a qualidade do agronegócio brasileiro, há ainda um potencial a ser explorado para que a produção aumente ainda mais, gerando resultados positivos à economia e contribuindo para a melhoria dos índices nacionais de desenvolvimento.
*Marcos Bassi é sócio da KPMG no Brasil.
**André Monaretti é sócio-líder de Agronegócio da KPMG no Brasil.