O novo recorde de produção de algodão no Brasil, estimado em 2,8 milhões de toneladas de pluma, e o consequente aumento das exportações, que devem chegar 1,6 milhão de toneladas, estão impelindo os cotonicultores brasileiros a intensificar o relacionamento com a Ásia, principal destino (97,5%) da pluma nacional embarcada para o mercado externo. Na última terça-feira (25/06), os vice-presidentes da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Júlio Cézar Busato e Alexandre Schenkel, que também presidem, respectivamente, a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) e a Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), reuniram-se com o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, na sede da embaixada chinesa, em Brasília.
Com apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), do Ministério das Relações Exteriores (MRE), através da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), a Abrapa desenha a estratégia para garantir mercado no oriente para o excedente do produto. A entidade enfatiza que o Brasil – que na safra 2018/2019 conquistou o posto de segundo maior exportador mundial do algodão–, mais que escala, pode assegurar qualidade e confiabilidade na commodity, com garantia cumprimento dos contratos.
As medidas para aumentar e consolidar o mercado asiático devem, dentro de alguns meses, ir além das visitas e missões de intercâmbio entre produtores brasileiros e industriais asiáticos, explicam Busato e Schenkel. Segundo os vice-presidentes, a Abrapa deve instaurar um escritório permanente na Ásia, em uma parceria com o Mapa e o MRE, via Apex. Os cotonicultores explicaram a Wanming o percurso que se deu entre o país sair da posição de importador de algodão, no início dos anos de 1990, para tornar-se o segundo maior exportador e quarto lugar no ranking global da produção da fibra.
“Uma trajetória de incorporação de tecnologia e de profissionalismo que ainda está em curso. Dobramos a produção de algodão nas últimas três safras e acreditamos que, dentro de cinco a oito anos, iremos ultrapassar os Estados Unidos em fornecimento do produto”, afirma Júlio Busato. Atualmente, os EUA embarcam 3,8 milhões de toneladas e o Brasil vai exportar 1,6 milhão na safra 2018/2019, ocupando o posto que era da Índia.
Oportunidade
Embora produza mais que o dobro de algodão que o Brasil, em torno de seis milhões de toneladas de pluma, a China também é um grande importador. De acordo com os dados do International Cotton Advisory Committee (ICAC), o país consome cerca de nove milhões de toneladas em seu parque têxtil. “A China é uma grande consumidora do Algodão brasileiro. Hoje, em torno de 25% da pluma exportada vai para aquele país. Somos fornecedores confiáveis e queremos crescer ainda mais no mercado chinês, mantendo esta parceria de qualidade e comprometimento”, explica Alexandre Schenkel.
Para Júlio Busato, a investida brasileira no mercado chinês “passa por explicar quem nós somos de fato. A história da nova cotonicultura nacional tem menos de 30 anos e ainda paira sobre ela os ecos de um período em que não tínhamos qualidade e não honrávamos os nossos contratos. Hoje isso mudou, graças ao trabalho dos produtores, representados pela Abrapa”, diz. Ele e Schenkel consideram positivo o encontro com o embaixador chinês, do qual também participou o diretor executivo da Abrapa, Marcio Portocarrero.