Ao final de um ano tão difícil e incerto como 2015, o agronegócio até que tem motivos para comemoração. Além de mais uma vez mostrar sua força e carregar os melhores números da economia brasileira, também teve nesse ano que termina uma série de conquistas importantes, como a reabertura de diversos mercados internacionais para os produtos brasileiros. Num bate papo com a Revista Rural, a Ministra da Agricultura Kátia Abreu fez um balanço positivo do período em que esteve a frente da pasta.
Revista Rural – Que balanço a senhora faz destes primeiros meses a frente do Ministério da Agricultura?
Kátia Abreu – Os últimos meses aqui no Ministério da Agricultura foram de um trabalho intenso, mas com o fim do ano chegando, acredito que posso dizer que o saldo está sendo positivo, especialmente no mês de novembro. Foram várias reuniões, encontros, viagens e conversas com o objetivo de melhorar o cenário da agropecuária brasileira e alavancar a colaboração que este setor pode oferecer ao Brasil. Vencemos barreiras, abrimos mercados e recuperamos relações comerciais que estiveram interrompidas por muitos anos.
Rural – Quais as realizações mais importantes da pasta que a senhora poderia destacar nesse período?
Abreu – Dois projetos, especialmente, me são muito queridos e demonstram o compromisso de toda a equipe em cumprir nossos objetivos. O primeiro é resultado de uma parceria entre o MAPA e o Ministério do Planejamento, que tem o objetivo de modernizar a gestão do poder público brasileiro. Já falei diversas vezes que a burocracia tem sua função, mas não pode ser utilizada como desculpa para a morosidade nos processos administrativos e a adesão do MAPA no Processo Eletrônico Nacional é um marco do qual me orgulho.
Rural – Como funciona o sistema eletrônico e no que ele vai ajudar ao setor?
Abreu – O Sistema Eletrônico de Informações – SEI, é uma iniciativa que está sendo implementada em 57 órgãos e no MPOG já diminuiu em 46%, aproximadamente R$ 2,2 milhões, os custos administrativos, além de reduzir de 77 para 31 dias a tramitação de processos. Aqui no MAPA a parceria já economizou R$ 6 milhões apenas na fase de desenvolvimento e instalação, por não ser necessária a contratação de empresa prestadora destes serviços.
Rural – Em todas as suas ações a frente do MAPA, principalmente na abertura e reabertura de mercados internacionais, a senhora sempre cita a região do Matopiba como uma das beneficiárias destas ações, porquê?
Abreu – O desenvolvimento do Matopiba é outro projeto que me é muito caro, por ter enorme potencial de revolução social no Tocantins, estado que ofereceu tantas oportunidades na minha vida profissional e que permitiu que eu pudesse criar minha família com tranquilidade. A região do Matopiba tem mais de 200 mil famílias de agricultores em situação de ex-trema pobreza, mesmo com muita terra para plantar. Com a colaboração da Universidade Federal do Tocantins – UFT, a iniciativa privada e o governo federal – representado pelo MAPA, acredito que podemos transformar positivamente a região, fortalecendo a pesca e as comunidades tradicionais que ali vivem. Uma das premissas de qualquer projeto que envolva o Matopiba é que as pessoas que são da região tenham condições de melhorar de vida e poder articular para que isso aconteça é uma das razões pelas quais decidi seguir uma carreira pública, anos atrás.
Rural – Na contramão da maioria dos setores da economia brasileira, o agronegócio vem apresentando números positivos de produção e de rentabilidade, sobretudo neste último mês. Como está sendo o desafio de “remar contra a maré”?
Abreu – Na esfera econômica, é inegável que novembro foi um mês profícuo para o agronegócio. Os acordos comerciais celebrados com mercados internacionais trazem o reforço que o atual momento econômico precisa. China, Índia, Arábia Saudita Estados Unidos e México são apenas alguns países que possuem alimento brasileiro nas prateleiras de seus supermercados e nas bancas das feiras. Além de commodities, estamos negociando exportação de produtos processados, o que pode aumentar o valor recebido pelo agricultor brasileiro. A caminhada é árdua e nem sempre tranquila, mas com o esforço de todos nós, continuamos andando para a frente. A minha confiança em apresentar a agropecuária brasileira vem do suporte de todos vocês, que fazem o melhor e me dão o apoio necessário para, com confiança, seguir em busca de melhores oportunidades para todos os brasileiros. Vamos em frente.