Negócios

Dedo de prosa: Transforar problemas em oportunidades

Paulo Meira Lins, diretor-geral da Concessionária Rota do Oeste, advogado formado em direito pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre em Direito Econômico Internacional e Regulação (LLM) pela Stanford University fala da atual situação econômica do país, contextualizando com a realidade do Mato Grosso e o potencial do setor do agronegócio como via de crescimento e desenvolvimento.

Revista Rural – Como o senhor vê o atual cenário econômico do país?

Paulo Meira Lins – As notícias nos cadernos de economia do Brasil e do mundo não estão em alinhamento com as expectativas de crescimento e desenvolvimento. Inflação, retração, desemprego estão presentes no dia a dia do cidadão brasileiro desde o início de 2015 e, segundo especialistas, podem ficar por mais tempo do que se deseja. Tudo isso, acreditem, poderia ser ainda pior. Estados como Mato Grosso, produtores de riquezas que alimentam o mundo e seguram o saldo da balança comercial, se destacam em meio ao caos.

Rural – O senhor acha que o estado do Mato Grosso, então, está conseguindo passar ao largo da crise?

Lins – Não podemos dizer que o ritmo de crescimento no Estado é o mesmo de antes, mas os números avançam positivamente. Mais uma vez Mato Grosso baterá recordes na produção de commodities com 52 milhões de toneladas de grãos, possui o maior rebanho comercial de gado, está entre os três estados que mantêm o saldo de empregos no azul e, acima de tudo, atrai investimentos.

E o que por muito tempo foi motivo de preocupação, agora é força-motriz. A carência de infraestrutura faz com que grandes obras estejam em andamento ou nos planos de investidores nacionais e internacionais. Rodovias, ferrovias, hidrovias, usinas hidrelétricas e termelétricas movimentam o mercado local juntamente com o agronegócio.

Estão previstos nos próximos 30 anos mais de R$ 25 bilhões em investimentos no Estado. Isso somente em logística, como a concessão da BR-163 que contará com um aporte de R$ 5,5 bilhões e demais licitações anunciadas recentemente pelo governo federal. Em ferrovias, o novo pacote do Programa de Investimentos em Logísticas (PIL) anunciou investimentos de R$ 9,9 bilhões para a construção de trilhos entre o município de Lucas do Rio Verde, no médio-norte mato-grossense, e Miritituba, no Pará.

Rural – Como explicar esse sucesso em um cenário tão desfavorável?

Lins – O movimento é impulsionado pela necessidade que vem do campo de produzir mais, com menores custos. Logística é atualmente o principal gargalo em Mato Grosso, onera a produção e compromete a competitividade da produção. Um produtor de soja de Sorriso, em Mato Grosso, recebe até 30% a me-nos do que o produtor no Paraná devido aos descontos no valor do produto para compensar o custo do frete. Para reduzir esta desigualdade, produtores, tradings, empresários e indústrias apostam em alternativas para o escoamento da produção. Estradas, portos, armazéns. Construir todos estes recursos representa mais que valores em cifras, são empregos, desenvolvimento, economia, competitividade e crescimento. Todos estes investimentos não podem ser travados por falta de políticas públicas e econômicas que os viabilizem. Por isso, é responsabilidade de cada empresário, cada empresa e também dos governos, sejam municipais, estaduais ou federal, manter os investimentos. É tempo de mostrar solidez e honrar os acordos. É tempo de evitar a letargia econômica e social para a qual nos encaminhamos nos últimos meses. Por fim, é tempo de mostrar que temos as ferramentas necessárias para enfrentar a crise sem alimentá-la com uma possível retração dos recentes avanços.

Rural – Num cenário de desconfiança, como manter os níveis de investimento em infraestrutura?

Lins – Eficiência econômica não pode ser confundida com enrijecimento financeiro. É preciso cautela e competência na hora de avaliar a viabilidade dos negócios para possibilitar a continuidade de projetos de desenvolvimento para o país. O cronograma de investimentos da BR-163, um dos principais projetos de infraestrutura em andamento no país, na casa dos R$ 600 milhões por ano, está mantido, bem como os cerca de R$ 700 milhões já investidos até aqui.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *