Agricultura

Lavoura – prepare bem o solo

Cuidados no uso dos equipamentos evitam a compactação e refletem na produtividade da próxima safra.

Terminada a colheita da safra de inverno, é hora de um merecido descanso para o agricultor brasileiro, certo? Errado. Especialmente para o produtor tradicional, que, nas próximas de muitas semanas até a colheita, deve se dedicar ao preparo do solo. ao contrário do que muito agricultor experiente pensa, essa fase é uma das mais importantes de todo ciclo da lavoura e irá refletir diretamente no resultado final.

“O primeiro passo é o produtor fazer um planejamento detalhado de todas operações que serão necessários para o cultivo”, afirma o professor de Mecanização agrícola da Universidade Federal do Paraná, Iackson de Oliveira Borges. O monocultor, por exemplo, deve incluir nos planos uma análise de solo para saber a quantidade necessária de adubo para reposição. Além disso, pelo menos a cada cinco anos, é necessária uma análise de fertilidade do terreno. Para os agricultores que diversificam culturas e são adeptos da rotação, o recomendado é que a área seja dividida em talhões de forma que o cronograma tenha folgas, ou seja, que a colheita de cada uma das variedades caia num período diferente”. Dessa forma, não se sobrecarrega o maquinário e abre espaço para revisões dos equipamentos”, afirma Iackson.

Segundo o professor, outro cuidado importante envolve a relação máquina-implemento-solo. “Colocar um enorme trator para puxar implemento pequeno, como um arado de seis discos, desgasta o solo e traz mais custos como combustível”, exemplifica. Outra equação que deve ser resolvida pelo produtor diz respeito ao tamanho do implemento. Quanto menor o implemento, mais vezes o trator terá de passar por uma mesma área, o que não é recomendado. Por outro lado, um implemento grande exige uma máquina maior e maia pesada. Como dica, Iackson lembra que o próprio manual de implemento faz referência à potência necessária.

Sinais da Compactação

Justamente pelo incorreto dos equipamentos agrícolas e a exploração intensa do solo que a produtividade de algumas áreas tem diminuído muito. Sinal de que houve uma degradação da estrutura original do terreno, caracterizada pelo aumento da sua porosidade. Em outras palavras, ocorreu a compactação do solo.

Por isso, o produtor deve ficar atento a qualquer indício de compactação. Os sinais mais evidentes a elevada resistência ao uso das grades, linhas de erosão, danos na lavoura anterior provocada por curtos períodos de estiagem e escoamento superficial muito grande. “Com o solo nessas condições, as raízes não conseguem penetrar no terreno e ficam muito vulneráveis a ação de fatores externos como ventos e chuvas”, completa o professor da UFPR. O consultor técnico da New Holland Daniel de Vergennes concorda que o planejamento é muito importante para evitar ao máximo de compactação: “O simples fato de realizar uma colheita com o solo muito úmido pode comprometer o terreno”. Ele também recomenda que se evitem manobras desnecessárias com carretas ou equipamentos agrícolas em áreas de plantação. Além disso, diz ele, o trator deve ser lastreado corretamente, compatibilizando peso-potência-implemento e, sempre que possível, deve haver o “duplamento” dos pneus do trator (adição de dois pneus).

Mas qual o caminho para se recuperar um solo compactado? “É difícil – avalia o professor Iackson -, principalmente porque o agricultor terá de mudar o seu método de trabalho”. Segundo ele, o ideal é que o produtor procure ajuda de universidades, órgãos do governo e cooperativas. Após um estudo detalhado de toda área. Os técnicos poderão oferecer um programa de recuperação e, posteriormente, de manutenção.

Convém ressaltar que o processo de descompactação é demorado e trabalhoso, mas necessário. “Não adianta empurrar o problema com a barriga. Uma hora ou outra o solo acabará deixando de produzir e o prejuízo será inevitável”, alerta.

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