A Marfrig Global Foods apresentou hoje à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) seu resultado fiscal referente ao primeiro trimestre deste ano. De janeiro a março, a companhia registrou uma receita líquida consolidada de 10,1 bilhões de reais — crescimento de 7,6% em relação ao mesmo período de 2018. Essa expansão é resultado, principalmente, do aumento do faturamento da operação América do Norte e pelo efeito cambial da valorização do dólar frente ao real. O Ebtida Ajustado foi de 571 milhões de reais — quase 16% superior, em comparação ao primeiro trimestre de 2018 –, com margem de 5,7%. O lucro bruto atingiu 927 milhões de reais, aproximadamente 7% acima do primeiro trimestre do ano passado. O lucro líquido, já descontada a participação minoritária de 138 milhões de reais (sobretudo de acionistas da operação América do Norte), foi de 4,3 milhões de reais.
Do total das receitas consolidadas da Marfrig no período, 88% estão atrelados a moedas estrangeiras — majoritariamente dólares. O mercado americano foi responsável por 62% das vendas no trimestre. O Brasil representou 12% do total, seguido por China/Hong Kong, Japão e pelo mercado europeu. “O aumento de exposição nos Estados Unidos, com a aquisição do controle da National Beef há cerca de um ano, mostrou-se efetivo”, diz Eduardo Miron, CEO da Marfrig Global Foods. “Além disso, os resultados do período mostram a consistência da estratégia trilhada pela companhia.”
No primeiro trimestre deste ano, a Marfrig deu sequência a uma série de movimentos alinhados a essa estratégia. Em janeiro, concluiu a aquisição da Quickfood, líder na produção de hambúrgueres na Argentina e dona de marcas líderes como Paty e Vieníssima!, e assumiu a operação de uma fábrica de produtos processados em Várzea Grande, no Mato Grosso. Em março anunciou, juntamente com os demais acionistas da National Beef, a aquisição do frigorífico Iowa Premium, localizado em Tama, nos Estados Unidos. Na frente financeira, em maio, a Marfrig captou 1 bilhão de dólares com a emissão de bonds, com vencimento em 2026 e custo de 7% ao ano para refinanciar os bonds 2021 e 2023 (com taxas de 11,25% e 8%, respectivamente). Com isso, a companhia, mais uma vez, alongou o perfil e reduziu o custo de sua estrutura de capital. O índice de alavancagem, medido pela relação entre dívida líquida e o Ebitda Ajustado proforma dos últimos 12 meses, foi de 2,76 vezes.
Numa demonstração de confiança na estratégia e no potencial dos mercados nos quais atua, a liderança da Marfrig se comprometeu a alcançar uma performance projetada para alguns de seus indicadores financeiros. Segundo os guidances divulgados, a receita líquida consolidada ficará entre 47 bilhões e 49 bilhões de reais em 2019. A margem Ebitda deverá ficar na faixa entre 8,7% e 9,5% e o fluxo de caixa livre (antes do pagamento de dividendos), entre 1 bilhão e 1,5 bilhão de reais.
Além disso, a fim de aumentar o grau de transparência e a profundidade das informações fornecidas ao mercado, a Marfrig passa a divulgar, a partir deste trimestre, resultados financeiros mais detalhados das operações América do Norte e América do Sul. Outras medidas adotadas nos últimos meses, relacionadas à governança, foram a revisão e o estabelecimento de políticas corporativas e a criação de um comitê de sustentabilidade composto por especialistas independentes e pelo diretor de sustentabilidade contratado recentemente pela companhia.
Operação América do Norte
A operação América do Norte — que reúne duas plantas de abate, com capacidade de mais de 3 milhões de cabeças por ano, e uma das maiores fábricas de hambúrgueres do mundo — apresentou crescimento na maior parte de seus indicadores financeiros. Graças à forte demanda por carne bovina no mercado americano e para exportação, os volumes de abate cresceram 3% no período em relação ao primeiro trimestre de 2018.
A receita líquida consolidada da operação atingiu 1,9 bilhão de dólares (o equivalente a 7,1 bilhões de reais), 1,2% superior ao desempenho dos primeiros três meses do ano passado. Esse crescimento foi motivado, sobretudo, pela elevação de 12% da receita líquida de exportações, que atingiram 259 milhões de dólares. O lucro bruto da operação aumentou 19%, totalizando 171 milhões de dólares (equivalente a 643,8 milhões de reais).
Operação América do Sul
A receita líquida da operação América do Sul da Marfrig — uma das principais produtoras de carne bovina da região e uma das maiores exportadoras para mercados como a China — totalizou 2,9 bilhões de reais no primeiro trimestre deste ano. Trata-se de um resultado 10,5% inferior ao registrado no mesmo período de 2018. A queda foi provocada, principalmente, pela redução do faturamento originado pelas exportações, que passaram de 119 000 toneladas para 88 000 toneladas na comparação dos primeiros trimestres de 2018 e 2019.
A redução da receita e o aumento do custo da arroba provocado pela menor oferta de gado levaram a uma queda de cerca de 30% no lucro bruto da Operação América do Sul, que totalizou 279 milhões de reais. A margem bruta passou, assim, de 12% no primeiro trimestre do ano passado para 9,3% nos primeiros três meses de 2019.