Opinião

O incremento genético dos animais

Por Roberta Züge* – Nos últimos 40 anos, a produção leiteira cresceu vertiginosamente colocando o país entre os grandes produtores mundiais. Em valores precisos, de 1974 a 2014, o volume de leite passou de sete para 35 bilhões. Infelizmente, provavelmente devido à conjuntura política, a partir de 2015, houve retração na produção. Em 2017, o mercado voltou a ser atrativo e o viés econômico ficou novamente positivo, superando, inclusive, as perdas dos anos de 2015 e de 2016.

Este imenso crescimento na produção de leite, constatada nas últimas décadas também foi bastante impulsionado pelo incremento do volume de inseminação artificial. No ano de 1973, foram comercializadas 460.721 doses de sêmen de origem nacional, sendo que 306.708 foram utilizadas no Estado de São Paulo, representando 66,65% do total. Em segundo lugar ficou o Paraná, com 22,06%. Desse volume, foram 14,35% das doses de animais da Raça Holandesa. Nesse mesmo ano, foram importadas 207.869 doses de sêmen, sendo 43.754 de touros holandeses.

Em 2017, conforme relatório da ASBIA – Associação Brasileira de Inseminação Artificial, que representa 90% do mercado do comércio de sêmen, foram mais de 4 milhões de doses comercializadas de animais leiteiros. Apesar da organização não divulgar os números, a Raça Holandesa é a que encabeça a lista de comercialização dos animais de raça leiteira.

Claramente, este vertiginoso crescimento está intimamente atrelado à maior utilização de animais especializados no rebanho. O último levantamento realizado pela Milkpoint, mostrou que os 100 maiores produtores de leite, no Brasil, produziram 7,3% a mais em 2018, alcançando média diária de 19.238 litros. É importante destacar que a Raça Holandesa se fez presente em 75 propriedades das 100 mais bem pontuadas pela Milkpoint, ao passo que a segunda colocada, a Girolanda aparece em 23 – lembrando ainda, que essa raça depende também do cruzamento com a Raça Holandesa. Extrapolando, poder-se-ia inferir que a Raça Holandesa está presente em praticamente 98% dos maiores produtores de leite no território nacional identificados pelo levantamento.

Para o Brasil consolidar seu papel como grande produtor e, até exportador, uma maior capilaridade, das raças especializas, deve ser preconizada nos rebanhos. Fortalecer este incremento de genética será o gatilho para alcançar este grande objetivo tão importante para o país todo.

Na sexta-feira, dia 26 de abril, foram conhecidos os campeões do Circuito Nacional da Raça Holandesa, uma copa das exposições desta raça. Para celebrar os campeões, foi realizado um jantar, durante a Expofrísia, exposição que ocorre em Carambeí, fomentada pela Cooperativa Frísia, outra que se destaca imensamente pela qualidade dos animais que apresenta. Ações como estas são bem importantes para valorizar os produtores. Estes eventos são vitrines para a genética que o Brasil já possui.

Nesta copa da Raça Holandesa, teve em 2018 muitas etapas, que envolveram milhares de pessoas, desde criadores, tratadores, veterinários e as equipes de organizações das exposições e das entidades fomentadores da raça. O Circuito Nacional da Raça Holandesa-CNRH contou com mais de 1.500 animais e quase 250 expositores, em diversas regiões do Brasil. Foram 10 exposições, sendo quatro delas, com as duas variedades separadas: preto e branco e vermelho e branco.

As exposições, para serem qualificadas como etapa do CNRH, teriam que ter, no mínimo, 100 animais, 10 expositores e um máximo 12 animais por expositor. Cada etapa realizou sua premiação e, para concorrer dentro do CNRH, somente as classificadas como campeãs e reservadas (primeiro e segundo lugares de cada categoria) concorreram a esta premiação que foi conhecida no jantar.

A Grande Campeã, da variedade ‘Preto e Branco’, foi HALLEY SIGILOSA WINDBROOK 322 TE, do criador Pedro Elgersma, do Paraná. O estado também fez a Grande Campeã da variedade ‘Vermelho e Branco’, a vaca BORG RED ROSE CINZ DESTRY 1714, de Ubel Borg e Rogerio Egbert Borg, levou o prêmio.

Na página do Gado Holandês há o anuário que apresenta a magnitude dos animais que hoje compõe os rebanhos dos associados. Eles certamente demonstram o padrão ideal de animais que devem, em um futuro próximo, alavancar o mercado nacional e corroborar para o aperfeiçoamento do setor leiteiro no Brasil.

(*) Roberta Züge é diretora administrativa do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS); Vice-Presidente do Sindicato dos Médicos Veterinários do Paraná (SINDIVET); Médica Veterinária Doutora pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ/USP); Sócia da Ceres Qualidade.​

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