O micronutrientes, muitas vezes esquecidos pelos produtores, revelam-se importantes parcerias do NPK no desenvolvimento das culturas. Correção de solo, uso de macro e de micronutrientes. Está é o tripé básico a ser seguido por produtores rurais no Brasil. Na prática, porém, nem sempre isso acontece. Atento inicialmente á utilização dos macronutrientes á utilização, especialmente N (nitrogênio), P (fósforo) e K (potássio), seguida da Ca (cálcio), Mg (magnésio) e S (enxofre), o homem do campo relega o cuidado com os micronutrientes – B (boro), Cl (cloro) Cu (cobre), Fe (ferro), Mn (manganês), Mo (molibdênio), Ni (níquel) Zn (zinco). Atitude consiste num erro, pois pode explicar o insucesso de muitas culturas.
Quirino A. de Camargo Carmello, agrônomo e professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ), da Universidade de São Paulo (USP), afirma que os solos brasileiros costumam apresentar deficiência de micronutrientes. Os solos sob vegetação de Cerrado, por exemplo, são caracterizados por deficiência de boro e de zinco. Já os tabuleiros do Nordeste revelam carência de cobre e de zinco. E os cinturões verdes das grandes cidades registram deficiência de cobre.
Carmello explica que micronutrientes são nutrientes exigidos em menores quantidades pelas plantas. Exatamente por isso, a ausência desses elementos determina que a planta não termine seu ciclo reprodutivo, isto é, não produza frutos. Portanto, a falta de micronutrientes significa queda na produção e, conseqüência, na qualidade dos produtos.
Na verdade, esses elementos auxiliam a formação de vitaminas e enzimas, o que ativa os processo metabólicos da planta. Colaboram com outros nutrientes para o desenvolvimento harmônico da cultura. E atua na formação de clorofila.
A solução para problema consiste na adição do nutriente em falta, o que deve ser feito através de adubação no solo ou, quando o problema for antagonismo, via foliar. O antagonismo existe porque macro e micronutrientes são componentes minerais que se opõem entre si. Logo, o excesso ou a falta de cada um provoca reação do seu contrário. Por exemplo, o excesso ou a falta de cada um provoca reação do seu contrário. Por exemplo, o excesso de fósforo pode causar a indisponibilidade do zinco. Cria-se, então, o desequilíbrio na cultura.
Normalmente, o antagonismo entre nutrientes – macro e micro – causa o surgimento de sintomas de deficiência daquele exigido em menores quantidades. Portanto, a deficiência que deve surgir será a do micronutriente. Ainda assim, os micronutrientes são pouco lembrados por produtores rurais. Na opinião de Carmello, a explicação é simples.
Os micronutrientes são poucos lembrados, porque são exigidos em pequenas quantidades. Isso significa que, embora em pequenas quantidades no solo, muita vezes essa quantidade é suficiente para produzir satisfatoriamente por algumas safras. Com o passar do tempo, porém, as deficiências aparecem e é preciso solucionar o problema.
Constatada a deficiência de algum micronutrientes, a correção implica na necessidade de sua aplicação no solo ou via foliar, para resolver o problema. Já eliminar o excesso de um micronutriente exige maiores cuidados, sendo necessária calagem maior em alguns casos, ou, outros, irrigações excessiva, capaz de gerar sua lixiviação (lavagem).
O cenário mostra a importância do produtor rural em conseguir o equilíbrio entre macro e micronutrientes. Carmello assegura que o excesso de alguns nutrientes pode causar indisponibilidade ou a menor absorção de outros. O excesso de molibdênio causa a deficiência de cobre, assim como o excesso de zinco implica na deficiência de ferro manganês.
Comprova-se, portanto, a importância de manter o balanço nutricional adequado para a obtenção de produções adequadas. Mais: isso pode ser conseguido através da adubação em função da análise do solo. Os micronutrientes podem sofrer também podem sofrer também com a prática da calagem.
Sabe-se que a calagem é importante na agricultura. Sabe-se também que, quando ela é feita, os micronutrientes, á exceção do molibdênio e do cloro, torna-se menos disponíveis para as plantas. A calagem, por alterar o pH do solo, afeta a disponibilidade de alguns micronutrientes.
Carmello explica que a disponibilidade dos micronutrientes metálicos – cobre, ferro, manganês, níquel e zinco – diminui com o aumento do pH do solo, enquanto a disponibilidade do molibdênio aumenta com a elevação do pH. Já o cloro e o boro têm suas disponibilidades pouco afetadas pelo pH. “A análise do solo consiste na também deve ser específica para a cultura a ser feita”, recomenda.
Quebradiças e deformadas
O excesso ou falta dos micronutrientes acarreta problemas para as plantas, caracterizados por sintomas deficiência e de toxicidade. Veja os principais:
Boro: A deficiência causa crescimento anormal. Folhas novas pequenas, deformadas, espessas e quebradiças, sendo comum o rompimento de tecidos. A toxicidade causa o aparecimento de manchas cloróticas que depois se tornaram necróticas nas margens e pontas das folhas novas e velhas.
Cloro: Não são conhecidos sintomas de deficiência. Os sintomas de toxicidade assemelham-se aos de estresse hídrico e de salinidade.
Cobre: A deficiência caracteriza-se por folhas novas cloróticas ou verde-azuladas, com as margens enroladas para clima, apresentando deformações nas folhas e florescimento e frutificação reduzidos.
Ferro: A deficiência de ferro provoca uma clorose internerval nas folhas novas, permanecendo verdes apenas as nervuras.
Manganês: A deficiência provoca uma clorose internerval nas folhas novas, onde as nervuras formam um rede verde sobre fundo amarelo e a toxicidade é responsável por uma deficiência induzida de ferro.
Molibdênio: A deficiência causa clorose internerval nas folhas velhas e as folhas tendem a enrolar-se ou curvar-se para cima ou para baixo, sendo que as leguminosas podem apresentar sintomas de deficiência de nitrogênio.
Zinco: A deficiência provocar folhas novas a diminuição dos internódios com a formação de leque, sendo que as folhas podem tornar-se tortas e necróticas.
O florescimento e a frutificação podem ser muitos reduzidos, quando ela é muito severa, podendo a planta toda tornar-se anã e deformada.