Agricultura

Cresce plantio direto nas pequenas propriedades

Adotada com sucesso, a dobradinha tração animal / plantio direto na palha revela-se á disposição dos produtores interessados em aumentar a produtividade das culturas.

Tecnologia adotada com resultado animadores por grandes áreas, o plantio direto na palha prova a eficácia também nas pequenas propriedades. Esta é a conclusão da Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha (Febrapdp), da Emater-PR e da Secretária de Agricultura do Paraná, que acompanham a evolução do processo naquele Estado.

A tecnologia do plantio direto na palha nasceu no Paraná, na década de 70. Na safra de 98/99, reuni 161. 850 produtores em áreas total de 4,384 milhões de ha, excluída a safrinha. Desse universo, 15.704 pequenos produtores, distribuídos por 69,017 ha, adotam o plantio direto com uso de tração animal. O Estado tornou-se produtor bem sucedido em soja, algodão, feijão e milho.

Na prática, o trabalho de acompanhamento da Emater-PR, órgão de extensão rural, comprovou aumento de 95% na produtividade de feijão, em 32 unidades de plantio direto com tração animal. Ali, ao logo das safras 93/94, 94/95 e 95/96, a produtividade da cultura alcançou 1.656 kg/ha, volume bastante superior á média do Estado, 847 kg/ha.

Resultados animadores também foram obtidos no cultivo do milho. Nas mesmas safras, a média de produtividade no Estado, 3.50 kg/ha, foi superada por cultivo em plantio direto com tração animal – 4.860 kg/ha.

Lutécia B. Canalli, agrônoma e assessora técnica da Febrapdp, explica que o conceito de pequena propriedade inclui 90% de áreas de menos de 50 ha; mão-de-obra familiar, com rara contratação de terceiros e apenas em situações específicas; e uso de plantio direto com tração animal e/ou tratores de baixas potência 75 HP.

Ciente desse sucesso, o Estado criou o programa “Paraná Rural”, que funcionou entre 95 e 97. Na safra 95/96, por exemplo, o programa beneficiou 11 mil ha de plantio direto com tração animal. Entre 96/97, saltou para 39 mil ha.

No ano seguinte “Paraná 12 meses”, com recursos do Banco Mundial e monitoramento da Secretaria de Agricultura. Entre 98 e agosto deste ano, foram atendidos 4 mil produtores e utilizados R$ 2,836 milhões com subsídios.

Lutécia explica que o programa permite aos pequenos produtores obter entre 50% e 70% de subsídio na compra de equipamentos – plantadeiras, rolofacas, espalhador de calcareo e pulverizadores. Mais: o programa privilegia o uso comunitário dos equipamentos , ou seja, a compra para utilização por dois ou três pequenos produtores.

“O pequeno produtor tem sensibilidade e conhecia o sucesso obtido pelo plantio direto nas grandes propriedades”, conta ela. “Bastou oferecer condições para que ele também adotasse a tecnologia”. Entusiasmados, atualmente eles ampliam a experiência para culturas como mandioquinha, salsa, cebola e fumo. Na opinião de Lutécia, duas grandes vantagens justificam a adoção do plantio direto. Em primeiro lugar, o acerto em adotá-la nos terrenos de declive, onde o cultivador convencional causaria erosão. E, em segundo, a preservação das áreas, já que o plantio direto melhora as condições do solo. e, conseqüentemente, contribui para o aumento da produtividade das culturas.

Entusiasta em tecnologia, Márcio J. Scaléa, agrônomo e gerente de Desenvolvimento de Mercado da Monsanto, concorda com Lutécia e acrescenta com grande vantagem a possibilidade de o produtor e a família dedicaram-se a outras atividades na propriedade, já que o plantio direto implica em menos tempo de dedicação ao cultivo.

Em consulta á Emater/PR e ao Iapar, órgão de pesquisas daquele Estado, ele coletou dados considera fundamentais aos produtores interessados em adotar a tecnologia. Explica, por exemplo, a diferença de horas necessárias entre o plantio convencional, a roçada exige 30 horas de trabalho; a aração, 16,5 horas; a gradeação, 11 horas o plantio de milho 4,5 horas; o cultivo mecânico, 9 horas. Portanto, a operação total implica em 71 horas / trabalho / ha.

Já mo plantio direto, semear a cultura de inverno – aveia ou ervilhaca, usada como palhada no plantio da cultura principal, requer 9,5 horas de trabalho; a rolagem, 3,5 horas; o plantio do milho 4,5 horas; aplicação de herbicidas, e horas; aplicação de herbicida pré-emergente, 2, horas. Total de tempo: 21,5 horas por ha. Ao menor tempo aplicado no plantio, ele acrescenta vantagens como o menor impacto da agricultura sobre o meio ambiente, a melhoria na qualidade de vida para o produtor rural e família e o aumento de produtividade nas culturas.

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