Por muitos anos, os antibióticos promotores de crescimento (APC) foram incorporados às dietas dos animais de produção em dosagens subterapêuticas, levando em conta as melhorias consistentes na eficiência alimentar. Porém, o uso contínuo em alimentos para consumo animal contribuiu para o surgimento de resistência bacteriana, fator que passou a ser visto como uma preocupação em relação à saúde pública mundial.
Tendo em vista esse cenário, desde 2006, a União Europeia proibiu o uso de qualquer antimicrobiano como promotor de crescimento na produção animal. Com essa determinação, mercados exportadores, como o Brasil, foram obrigados a se adaptar à legislação estabelecida para permanecerem aptos a exportar.
“A tendência de retirada dos APC é mundial e como substitutos surgiram os aditivos naturais, que aliados a produtos e programas adequados, promovem desempenhos econômicos e zootécnicos satisfatórios. Essa nova opção tornou-se alvo de diversos estudos científicos, que comprovam sua eficácia”, explica o diretor técnico global da Yes, Carlos Ronchi.
Segundo ele, para uma substituição eficiente dos APC na alimentação de animais, o produtor deve levar em consideração alguns critérios importantes no processo, como a biossegurança, manejo, sanidade e a utilização de probióticos e prebióticos adequados. “O uso dessas substâncias é comprovadamente benéfico, pois promovem melhor equilíbrio da microbiota intestinal, favorecem os processos de digestão e absorção de nutrientes e contribuem para um sistema imunológico fortalecido e eficaz”, afirma Ronchi.
Confirmação dos resultados em pesquisas
Para comprovar esses benefícios, foram promovidas duas pesquisas científicas que avaliaram o uso de aditivos prebióticos e de blend prebióticos no desempenho de frangos de corte, no Laboratório de Nutrição de Aves, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da UNESP, em Botucatu (SP).
A primeira pesquisa teve como objetivo avaliar o efeito da utilização de um aditivo prebiótico natural (APN) em substituição a um antibiótico promotor de crescimento (APC). No experimento foram utilizados 750 pintos machos, de um dia, vacinados no incubatório, contra as doenças de Marek e Gumboro. As aves foram distribuídas em 70 boxes de 2m², com 25 aves por box. No intuito de simular os desafios das condições a campo, a cama, de 10 cm de espessura, foi previamente reutilizada por três lotes. O delineamento experimental foi promovido em blocos selecionados ao acaso, com três tratamentos e dez repetições cada.
Ao final do experimento, os pesquisadores concluíram que as aves que consumiram a ração contendo APN apresentaram ganho de peso médio diário e índice de eficiência produtiva maiores, além de melhor conversão alimentar e menor mortalidade. As aves que consumiram APN obtiveram maior margem de lucro e produção de ácidos graxos de cadeia curta, o que provavelmente propiciou ambiente adverso para as populações de bactérias nocivas, como a Salmonella e E. coli.
A segunda pesquisa buscou avaliar o efeito de um blend prebiótico natural (BPN) em substituição ao uso de um antibiótico promotor de crescimento (APC) sobre os parâmetros de desempenho produtivo e produção de ácidos graxos de cadeia curta. O experimento, que contou com as mesmas quantidades e condições do anterior, constatou que as aves que consumiram o blend prebiótico natural apresentaram melhores índices de desempenho zootécnico, destacando a melhor conversão alimentar, embora não tendo diferença significativa no consumo de ração e maior produção de ácidos graxos de cadeia curta a nível cecal.
Os estudos relatados acima reforçam que o consumo de APN ou BPN favorece o equilíbrio da microbiota intestinal, promovendo mais saúde e melhor desempenho dos animais. “A microbiota do trato digestório das aves de produção tem relevante papel na digestão dos alimentos ingeridos e no sistema imunológico. Desequilíbrios na composição deste microambiente podem ocasionar transtornos no desempenho e na capacidade de aproveitamento dos nutrientes. Introduzir essas substâncias na dieta animal auxilia o produtor a conquistar uma maior rentabilidade na atividade com foco na segurança alimentar, no bem-estar animal e de forma sustentável”, destaca Ronchi.
Atualmente, como alternativa aos antibióticos promotores de crescimento, já é possível encontrar no mercado prebióticos naturais, atóxicos e que não induzem resistência bacteriana.