Na recorrida ao campo o peão notou que aquela cerca principal do piquete que separa o pasto da “maternidade” dos outros, já está muito velha e precisa ser refeita. Pronto, mais um trabalho e mais despesa. Pensar assim é uma forma comum. O diferente é ver que além de necessária, a cerca é um investimento que retorna pela alta durabilidade.
Dificilmente antes de 10 anos o produtor terá que se preocupar com ela. A não ser que precise mudar a estrutura da fazenda ou por causa de algum acidente, ela fique inutilizada.
Por isto até é bom que antes de começar o trabalho ele pense qual a atividade que vai desenvolver naquela área, porque desta definição dependerá o tipo de cerca e de arame a ser utilizado. Segundo Moises da Silva Garcia, um alambrador que tem mais de 40 anos de profissão, “quase todo o Parque Assim Brasil foi cercado por mim”, o produtor não deve sair a fazer cerca sem antes definir qual a função da área e de contratar mão de obra especializada, para evitar desperdícios e dores de cabeças no futuro, “pois para cada tipo de atividade existe um tipo de cerca, ou seja, ela será feita com arame farpado ou liso dois”, ressalta o alambrador.
O gerente de marketing do produto da Belgo Bekaert, uma das empresas que atuam neste mercado, Rodrigo Peixoto, diz que é importante saber que cada arame tem a sua utilidade e área exata de utilização. O farpado, em geral serve para as cercas externas da propriedade, delimitando a área e sempre com no mínimo oito fios. Também deve ser utilizado em regiões montanhosas e de aclives acentuados. “ O liso não serve para este caso porque a cerca ficaria muito cara”, assegura o cerqueiro. Ele explica que isto aconteceria porque o espaçamento entre os mourões teriam que ser pequenos e isto é que encareceria a cerca.
E complementa dizendo que mesmo para o farpado, não é necessário um mourão diferentes dos outros. Só a maneira como você vai “amarrar” é que diferencia”, diz. Lembra ainda que o farpado pode ser utilizado para divisão de criações, por exemplo, entre uma área de pastagem e outra de agricultura. Peixoto ressalta que no setor agropecuário, a empresa possui uma serie de produtos, cada uma para uma atividade. “Hoje estamos fornecendo arames para fruticultura, a maça, por exemplo, a horta, o tanque de rede em piscicultura e o terreiro de café suspenso”.
Com menor restrição de uso, o arame ovalado liso tem sido utilizado em diversas atividades da agropecuária. O mais comum na pecuária é na divisão de piquetes. Neste caso a variação do tipo do arame vai de acordo com espécie e a raça que vai ser colocada no piquete. Se for para conter animais de pequeno porte como ovinos, caprinos e bezerros, o recomendável é a utilização de arames com força de contenção até 400 kg. Agora para animais adultos o melhor é buscar arames que possam conter até 700 kg.
O gerente executivo da Gerdau Produtos Agropecuários, Paulo Tomazelli, diz que também existem diferenças quanto a raça. “Se o pecuarista estiver trabalhando com a raça zebuína, precisa de arames mais resistentes, o que é diferente se trabalhar com o gado europeu, em geral mais manso”, diz. Também é importante geral ressaltar, avisa o chefe de marketing que o arame for para a formação de curral, o criador deve escolher a cordoalha que é um arame feito com 7 fios, bem mais resistente.
Outra recomendação que ele dá é prestar atenção quanto a área em que a cerca vai ficar. Para terrenos alagadiços, próximos de rios ou de mar, é preciso utilizar um fio que tenha tripla camada de galvanização, para que a cerca tenha maior durabilidade. Também em áreas de agricultura, pois os produtos químicos utilizados na lavoura, corroem mais facilmente o arame. E ainda na cerca elétrica, técnica que está em grande expansão de mercado, o arame ideal é o de tripla camada para evitar perdas de eletricidade e condutibilidade de energia.
Tomazelli afirma que o ovalado tem larga utilização também em fruticultura. A Gerdau, segundo ele, tem comercializado bastante para a formação de parreirais, Kiwicultura, e maça. Na maça, uma nova tecnologia mudou o sistema de produção e agora produtores usam espaldeiras para apoiar as árvores. Outra utilidade para os arames tem sido na fabricação de telas para a avicultura. “Sempre que o mercado exigiu um novo produto, como para culturas aéreas, por exemplo, a Gerdau atendeu a esta necessidade”, lembra o executivo.