O ritmo lento das vendas da safra brasileira de soja 2023-24 e a baixa liquidez no mercado de fertilizantes contribuíram para uma menor procura por serviços de transporte no início de 2024, levantando também preocupações sobre um possível gargalo logístico.
A demanda para transporte de grãos no Brasil costuma atingir o pico no primeiro trimestre – elevando os fretes – por causa da colheita da soja. Os trabalhos para o atual ciclo prosseguem em ritmo satisfatório, apesar dos problemas climáticos trazidos pelo fenômeno meteorológico El Niño.
Mas a comercialização da safra tem sido lenta, com preços mais baixos da oleaginosa no mercado internacional incentivando produtores a desacelerarem o ritmo de vendas. Como resultado, os fretes de grãos durante a colheita caíram – o que é incomum nesta época do ano –, devido à menor demanda por serviços de transporte. Os fretes da rota Sorriso- Rondonópolis, com destino ao terminal ferroviário de Rondonópolis, atingiram R$150/tonelada (t) no fim de março, ante R$165/t no mesmo período de 2023.
Já a rota Sorriso-Miritituba, que percorre a rodovia BR-163 até o ponto de transbordo da hidrovia no Pará, estava em R$250/t no fim de março, ante R$285/t no ano passado. A demanda por fretes de fertilizantes também foi excepcionalmente menor no primeiro trimestre.
Nesta época do ano, agricultores normalmente recebem grandes volumes de fertilizantes para atender às atividades de colheita de soja e plantio de milho.
Mas a compra de insumos também foi adiada, uma vez que produtores postergaram a comercialização da safra. Com a baixa liquidez no mercado, a demanda por serviços de transporte também foi menor.
Em Paranaguá, as taxas de frete para Rondonópolis atingiram R$213/t no fim de março, ante R$250/t em 2023. Os fretes para Sorriso ficaram em R$305/t, em comparação com R$330/t em 2023. Esse cenário preocupa participantes de mercado, pois poderá causar um gargalo logístico.
Eventualmente, a soja precisará ser enviada para exportação. Paralelamente, os fertilizantes que chegam aos portos brasileiros terão que ser entregues ao mercado interno. Isso poderia levar a uma maior concorrência por caminhões e a uma alta significativa nos fretes, bem como filas mais longas nos portos para carga e descarga de navios, aumentando os custos logísticos.
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