Negócios

Lucro é meta sempre!!!

Num mercado enxuto e com poucas oportunidades comerciais astronômicas, como foi no passado, o setor de eqüinos vive uma complicada relação entre custos e receita. Mesmo assim, criadores tentam reduzir os gastos, sem perder a eficiência do haras e a performance de seus exemplares.

São poucos criadores que têm, na ponta do lápis, um controle claro dos custos na formação de animais médios. Maioria em qualquer plantel de eqüinos, eles deveriam contar com um rigor maior nos cálculos entre os valores de criação de comercialização. Afinal, não é todo dia que se ganha na loteria e se consegue um exemplar top para equilibrar as despesas e receita da fazenda. Vendidos entre R$ 2.000 e R$ 3.000, é preciso computar item por item, reduzindo gastos excessivos para, no mínimo, empatar os custos de produção com o valor de comercialização. Uma artimanha que tem deixado muitos criadores em estados de alerta, apesar desse trabalho não, necessariamente, representar uma fonte de renda que interfira na saúde orçamentária e seus negócios. Ligados a outras atividades, têm a criação de cavalos mais como um hobby, um passatempo.

No entanto, nem em todos os lugares é assim. No haras Mairflor, propriedade de Luiz Augusto Sacchi, cada tostão é administrado de perto para que não haja excessos. Criador de Mangalarga Marchador, hoje ele vive para os negócios de sua fazenda, mas sua experiência de 12 anos como diretor de banco torna-se relevante na hora de saber a diferença entre custo e despesa. Custo é o que se gasta para obter resultados. Despesa é a taxa de desperdício sobre a produção. Dessa forma, temos de fazer o nível de despesa ficar o mais próximo dos índices desejáveis do custo, uma vez que isso determinará maior ou menor sucesso na venda.

Diante disso, Sacchi ressalta que os fatores mais importantes a serem observados são mão-de-obra e nutrição. O primeiro porque a criação de cavalos envolve diversos tipos de profissionais, desde o pessoal da limpeza das baias até o tratador. O segundo, porque a dieta absorver grande parte do trabalho no haras, além de representar um elemento caro. ´Para melhorar a performance financeira, o criador decidiu mexer na alimentação. Tudo começou com sua filosofia de não gostar de fornecer ração aos animais, por acreditar que cavalo gosta de pasto. Depois que transferiu seu plantel de São José dos Campos (SP), no Vale do Paraíba, onde precisava de 15 toneladas de ração/mês para manter seus 150 animais para Pedralva (MG), no Sul de Minas, há cinco anos, não teve dúvidas, passou a trabalhar os cavalos a campo. Aos potros, da desmama aos dois anos e meio, fornece feno e rolão de milho, única vez que incorpora composto industrializado de sais minerais e proteínas. Depois, os animais menos valiosos vão para pastos de capim gordura e napier e os exemplares mais sofisticado em pastagens de tifton 85 ou coast cross.

Com a produção de alimentos feita dentro da fazenda, Sacchi vem conseguindo uma economia bastante significativa. O principal redutor de despesas foi a introdução do rolão de milho na alimentação dos animais. Hoje, para criar 130 animais – 60 de elite -, seu haras registra um custo de R$ 120.00/ano, ou seja, R$ 2,57/animal/dia, com uma variação de R$ 3,50 a R$ 4,00/dia para cada exemplar top e de R$ 1,00 a R$ 1,20/dia para o cavalo médio. Tudo isso, considerado gastos com mão-de-obra, medicamentos, material de equitação, registro de animais na associação, participação em exposições, anúncios em revista, assistência técnica, energia, óleo para trator e doma. Soma-se aí, também, os valores que não saem diretamente do caixa, como a produção de feno, milho etc. Como a propriedade também produz café e banana, contas comuns, como telefone, foram divididas proporcionalmente entre as atividades econômicas da fazenda. Sem a utilização do rolão de milho, o custo de R$ 120.000 subiria para R$ 132.000/ano com a administração de ração comercial.

Os cálculos foram feitos no ano hípico 98/99, que se estendeu de junho do ano passado a junho deste ano. Esse período, o haras conseguiu uma receita de apenas R$ 70.000, amargando um prejuízo de R$ 500.000. Explica-se: foi o primeiro ano que o projeto atingiu sua plenitude. Os cavalos de Mairiflor voltaram a participar de campeonatos e passaram a ser solicitados como convidados em leilões. Ganhamos prestígio, o que, conseqüentemente, valoriza nossos produtos, diz ele, afirmando que para o período de 1999/2000 a relação receita/despesa estará revertida.

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