Por Guilherme Bavia* – As lavouras de soja espalhadas pelo país estão expostas a eventos climáticos instáveis e imprevisíveis. Essas adversidades podem impactar negativamente no crescimento e desenvolvimento da cultura, o que não contribui para a boa formação dos grãos. Os estresses provocados pelo ambiente podem comprometer a produção e o fluxo dos compostos resultantes da fotossíntese, que resultarão em menor potencial produtivo da cultura.
Os componentes de produção que irão definir o rendimento da lavoura de soja estão relacionados com o número total de vagens produzidas por planta, o número de grãos produzidos por vagem e o peso por semente. Por isso, para a cultura atingir altas produtividades, além de condições ambientais favoráveis durante seu ciclo, é necessário práticas de manejo que favoreçam a maximização do aproveitamento dos recursos naturais. De forma prática, isso significa incrementar a penetração de luz, aumentar a capacidade de realizar fotossíntese e produção de fotoassimilados.
Para a soja, a fase reprodutiva representa o estágio mais sensível e fatores como deficiência hídrica podem prejudicar a formação e o enchimento dos grãos ou, em condições mais severas, causar abortamento das vagens.
Outro desafio pode ser a redução da luminosidade no terço inferior da cultura e períodos nublados com chuvas em excesso, que causam limitação fotossintética. Diante desse cenário, a planta ajusta sua distribuição de fotoassimilados através do abortamento de vagens, o que irá resultar em queda de produtividade. Além disso, em situações como essa, a disponibilização de cálcio e boro nas estruturas do terço superior irá diminuir devido à redução do fluxo transpiratório, acentuando ainda mais a queda de folhas, flores e vagens.
Perante o exposto, o balanço nutricional das plantas ganha extrema relevância. Assim, para essa fase específica, nutrientes como cálcio, magnésio, boro e potássio desempenham funções fisiológicas essenciais, tais como regulação osmótica e ativação enzimática, que confirmam o papel fundamental da nutrição de plantas na tolerância aos estresses abióticos.
Estratégias para maximização do enchimento de grãos
O processo de enchimento de grãos na soja exige alta energia metabólica das plantas. Estima-se, por exemplo, que são necessários 2g de fotoassimilados para a produção de 1g de grão. Por isso, as plantas de soja possuem alta necessidade da produção e translocação dos compostos resultantes da fotossíntese.
Visto que a formação e enchimento dos grãos são componentes cruciais para produtividades rentáveis, a adoção de estratégias minimiza os riscos e maximiza as estruturas e funções fisiológicas da soja. Por isso, um planejamento adequado quanto ao manejo do solo, que busque o equilíbrio físico, químico e biológico para conferir resiliência ao sistema; a proteção das plantas contra pragas e doenças, para maior área e durabilidade foliar; e o balanço nutricional e hormonal, para a retenção de vagens, produção e translocação de solutos orgânicos e enchimento dos grãos, são fatores chave para os altos índices produtivos.
O estágio de formação e enchimento dos grãos ajuda a definir o potencial produtivo da cultura. Contudo, essa fase pode ser desafiadora em razão da alta energia requisitada e do curto espaço de tempo para distribuí-la para os grãos. Com isso, a junção entre tecnologias nutricionais e estratégias de manejo no campo se mostram como o caminho para minimizar as adversidades e potencializar a produção sustentável.
(*) Guilherme Bavia é Gerente de Produtos na BRANDT do Brasil
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