Por Raquel Maria Cury Rodrigues* – São inúmeras as evoluções observadas na cadeia leiteira nos últimos anos devido a onda tecnológica que chegou ao meio rural e passou a influenciar positivamente o campo. Soluções para a saúde das vacas leiteiras e qualidade do leite, aprimoramento do melhoramento genético animal e reprodução animal, biotecnologias ganhando espaço, entre outros, são exemplos nos quais os saltos de desenvolvimento foram extremamente notáveis.
Os processos se modernizam e praticidades são lançadas no mercado, porém, a mão de obra rural sempre se faz necessária independente das ferramentas ou sistema de produção escolhidos. Sempre será necessário pessoas para operar as tecnologias (ou parte delas) e usufruir daquilo que elas proporcionam, como praticidade, dados, facilidades, entre outros.
Relação entre empregadores e empregados
A gestão influencia para que a mão de obra seja aliada e contribua com o desenvolvimento do negócio, porém, há produtores e empresários que têm sucesso neste âmbito, enquanto outros não. Nesse último caso, é comum os funcionários serem também responsabilizados pelos resultados ruins do negócio, mas quem gerencia essas pessoas é o próprio produtor (com ou não o auxílio do técnico e/ou gerente). Assim, a responsabilidade é em grande parte dos gestores da fazenda, que precisam capacitar, conhecer, motivar e liderar a sua equipe.
No Censo Demográfico de 2010, divulgado pelo IBGE, a taxa de migração do campo para cidade era de 1,31%. Amostras mais recentes mostram que a taxa já caiu para 0,65%. Apesar da queda da migração, atualmente, estima-se que apenas 17,6% da população brasileira resida em zonas rurais.
Se já temos a minoria da população morando no campo, ter que encontrar pessoas para trabalhar com bovinos de leite e que atendam os quesitos para ajudar a trilhar um caminho de sucesso junto à propriedade se torna um grande desafio. A escassez de colaboradores é cada vez mais sentida no campo, ainda mais no leite, que é uma atividade que não cessa os afazeres aos finais de semana e feriados. São diversos os manejos realizados com as vacas leiteiras, inclusive no momento da ordenha, fato que exige bastante de todos os envolvidos.
O relacionamento do empregador com o empregado evoluiu bastante pressionado pela legislação e o reconhecimento dos direitos e deveres de ambas as partes. Empregadores e empregados passaram a compreender melhor a importância do bom relacionamento para o sucesso do trabalho. É de extrema importância a gestão focada na capacitação dos funcionários, reuniões de serviços e troca de informações entre os profissionais.
Além disso, para que a gestão da equipe seja bem conduzida, um dos princípios básicos é que os trabalhadores se sintam seguros com o seu trabalho e tenham as suas necessidades atendidas. Cada ser carrega junto a si valores, sonhos, história de vida, sentimentos e emoções, itens que precisam ser respeitados e levados a sério. Os funcionários são verdadeiros parceiros da empresa e também anseiam que a mesma obtenha sucesso ao longo do caminho.
Estabelecer metas e plano de bonificação quando elas forem alcançadas é um exemplo de como motivar a equipe, assim como, a construção de um plano de carreira, manutenção do pagamento em dia, férias e dias de folga. Oferecer acesso a equipamentos de proteção individual e opções para facilitar a organização e controle das atividades também podem ser incluídos nesse “pacote”.
Cada fazenda possui as suas próprias tradições e costumes, mas, independente disso, elas devem ser um exemplo para aqueles que nela trabalham. Apostar no seu próprio pessoal é apostar no seu próprio negócio, afinal, são as pessoas que movem as tarefas do cotidiano e capacitá-las é uma sugestão de investimento que vale a pena. E não se esqueça: um dos parâmetros para medir o sucesso da gestão é o engajamento dos funcionários.
(*) Raquel Maria Cury Rodrigues é zootecnista pela Unesp de Botucatu e especialista em Gestão da Produção pela Ufscar.
Foto: Divulgação Ideagri / Assis Comunicações