A Yara anunciou uma parceria com a Raízen para a aquisição diária de 20 mil metros cúbicos de biometano. O insumo, que é derivado do biogás e produzido a partir de resíduos orgânicos, será disponibilizado em escala comercial na rede de distribuição (grid), com fácil acesso para o complexo da Yara em Cubatão (SP). Trata-se do primeiro movimento para a produção de amônia verde no Brasil, o que permitirá o desenvolvimento de soluções sustentáveis no curto prazo, seja em nitratos para aplicação industrial ou em fertilizantes nitrogenados.
Globalmente, a Yara já desenvolve outros projetos de amônia verde – por exemplo, baseados em energia eólica, energia solar e energia elétrica hídrica -, porém, esta é a primeira iniciativa utilizando o biometano, considerado a base para uma economia circular. “A incorporação dessa matéria-prima no processo produtivo é uma manifestação concreta dos esforços da Yara no Brasil em promover a descarbonização das suas plantas”, afirma Daniel Hubner, vice-presidente de Soluções Industriais da Empresa. Segundo o executivo, uma das principais vantagens do biometano é o potencial que o Brasil apresenta. O país está entre as maiores potências agropecuárias do mundo, o que resulta na produção de uma enorme quantidade de resíduos orgânicos com potencial de geração de valor.
De acordo com ele, a aquisição deste volume de biometano dará à empresa a possibilidade de iniciar a produção de amônia verde no Brasil e substituir gradativamente o uso de gás natural, reduzindo assim cerca de 80% das emissões. “A Yara tem dedicado seus esforços e investimentos em descarbonizar a cadeia global de produção de alimentos e de setores industriais, e a amônia verde é fundamental para esse objetivo. O biometano é uma alternativa promissora e um dos caminhos que podem nos levar a uma nova realidade em muitas indústrias”, disse Hubner.
Os 20 mil metros cúbicos diários de biometano adquiridos pela Yara representam 3% do volume consumido por sua unidade fabril de amônia, em Cubatão (SP) – maior produtor de amônia do Sudeste. A previsão é que o primeiro lote de biometano seja entregue à Yara em 2023, tempo necessário para que a Raízen construa uma nova planta para purificar o biogás e conectar sua distribuição ao grid.
Segundo Hubner, o complexo de Cubatão já está pronto para trabalhar com o biometano em substituição ao gás natural como matéria-prima para a produção de amônia verde. “A unidade está muito bem posicionada para atender os dois mercados, tanto o de fertilizantes quanto o de soluções industriais, apoiando a descarbonização da agricultura e da indústria química. A planta apresenta inclusive capacidade de exportação, com diferenciais que impulsionam seu potencial, como fácil acesso à rede de distribuição, diferentes modais logísticos, mão de obra, entre outros fatores”, completa.
A partir da amônia verde, a oferta do fertilizante verde passa a ser uma realidade, com um impacto positivo para toda a cadeia do agronegócio – agricultor, indústria de alimento e consumidor final. É nesse sentido que a Yara vem atuando globalmente, e de forma integrada, para cultivar um futuro alimentar positivo para o clima, combinando o fertilizante verde ao seu conhecimento agronômico, a ferramentas digitais inovadoras e eficientes em termos de recursos, a investimentos crescentes em inovação aberta e venture capital, e sempre apoiando os agricultores na adoção de novas práticas e criação de fluxos de receita verde, rentabilizando assim a produção sustentável para que ela se torne viável para todos.
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