Pecuária

Raças sintéticas: sem medo de concorrência!

Num mercado onde a concorrência se torna cada dia mais acirrada, os produtores de animais puros, fonte de matéria prima para o desenvolvimento genético do rebanho comercial brasileiro, fazem de tudo para encontrar argumentos cada vez mais fortes para colocar seu produto com vantagens no mercado. A grande disputa entre as chamadas raças européias, que acenam com resultados expressivos no rendimento e qualidade da carne e as sintéticas, que tem como maior trunfo a viabilidade de seu uso na reprodução a campo em qualquer condição de criação, está longe de Ter fim e , principalmente, longe de provocar consenso entre os usuários de reprodutores e matrizes, para o bem do próprio mercado. Para as raças sintéticas, formadas a partir de cruzamentos dirigidos entre raças taurinas e zebuínas, como o Canchim, Simbrasil, Brangus, Santa Gertrudis, Braford, entre outras, a hora é de redobrar os esforços e assumir uma estratégia de marketing ainda mais agressiva, além de buscar novas formas de mostrar o que seu produto tem de superior. A popularização da inseminação artificial, somada a um aumento considerável na disponibilidade de sêmen de boa qualidade no mercado nacional, se transformou em importante aliado do gado europeu puro na busca de novos consumidores, forçando essa nova postura. Além disso, esses criadores vêem os criadores de gado europeu puro como “gente de cacife alto, com disposição para grandes investimentos na mídia, dificultando ainda a briga por espaço”. Não que os criadores de raças sintéticas temam a concorrência, mas sabem que não dá para ficar parado apenas confiando nas qualidades de sua raça, mesmo que a utilização de sêmen de touros puros europeus não chegue ainda, de acordo com eles, a ser um forte concorrente das raças sintéticas no cruzamento industrial em propriedades de manejo extensivos das regiões mais quente do país. A verdade é que, apesar das suas convicções, tem muito criador de raças sintéticas transformando as centrais de inseminação em importante parceria para a venda de seus melhores produtos, buscando atingir uma fatia mais alta da pirâmide.

O vice – presidente da Associação Brasileira de Brangus e diretor da Natura, Luís Alberto Muller, é um dos que vê na grande sacada” das raças desenvolvidas por cruzamento dirigidos: “A inseminação artificial ainda enfrenta alguma dificuldade na aplicação em grandes rebanhos, pela simples falta de infraestrutura nessas propriedades”, acredita Muller. Para o diretor executivo da Associação Brasileira de Santa Gertrudis, João Francisco Danieletto, porém, hás outros trunfos melhores destaque das raças sintéticas no mercado de animais de seleção: “Após o desmame, os produtos de cruzamento com uma raça sintética x Nelore são mais rústicos que filhos de touros puros europeus”, afirma. Embora com visões diferentes, os dirigentes das associações Brangus e Santa Gertrudis convergem para um ponto comum: a rusticidade é a grande bandeira de marketing das raças sintéticas, para atenderem sobretudo ao pecuarista do Brasil central. Porém, já não basta mais dizer que as sintéticas cobrem melhor ao calor etc. É necessário ressaltar qualidade como padronização de fenótipos, pelagem, precocidade sexual das fêmeas, tamanho corporal e rapidez no ganho de peso.

Segundo Danieletto, o mercado é grande para as raças sintéticas, pois os criadores têm percebido que elas, além de se adaptarem melhor a qualquer clima, produzem filhos “tão bons quanto os F1 dos europeus com o Zebu até a desmama, tornando – se melhores depois dela”. Por isso, algumas das principais raças híbridas presentes no país estão tendo uma procura muito grande pelos criadores do Brasil Central. Todos os representantes dessas raças afirmam que as vendas estão aquecidas tanto em leilões como nas fazendas – e que há, até mesmo, uma certa dificuldade em atender a demanda por machos. Sinal que existe ainda muito espaço nesse mercado e que, se por um lado sobra clientes, por outro, a rapidez para expandir cada fatia desse mercado se faz necessária para garantir o futuro. A raça Santa Gertrudis, por exemplo, formada há mais de 100 anos nos Estados Unidos, apresenta algumas características para o criador, que segundo o diretor executivo da Associação, são seus diferenciais. “Por estar selecionada há mais de um século, o Santa representa, além da rusticidade, de um ótimo ganho de peso, da precocidade das fêmeas, pelagem vermelha e rápido acabamento de carcaça, produto mais homogêneos”. “Ele garante que a pelagem do Santa é uma tendência mundial, sendo que a maioria das raças compostas que estão sendo formadas estão seguindo esse caminho, por proporcionar uma melhor sensação térmica do animal no clima quente” explica. Esse é o argumento de marketing que os criadores de Santa Gertrudis decidiram seguir e, segundo eles, está dando certo. O presidente da Associação Brasileira de Criadores de Canchim, Peter Baines, concorda com o diretor da Associação Santa Gertrudis quando trata dos filhos 1/2 sangue de touro puro europeu com zebu serem menos rústicos que os produtos vindos de cruzamento com raça sintética. “Por isso, mesmo utilizando a inseminação artificial com touros puros europeus, o resultado não é tão satisfatório”, prega. Produtos de cruzamento com o Canchim apresentam um ganho de peso 20% maior após a desmama que os 1/2 sangue europeu x zebu”, garante. Mas discorda em se tratando da cor da pelagem. Para ele, o diferencial que ele acredita ao Canchim é a uniformidade da pelagem branca que o cruzamento Canchim x Nelore – por exemplo – imprime aos seus produtos, ” a melhor para aguentar o calor tropical”. Além disso, “as fêmeas F1 do cruzamento Nelore x Canchim são mães excepcionais”. Afora as características da raça, o presidente do Canchim acredita que, por oferecer ao criador um animal testado e de qualidade, a raça acaba apresentando um serviço diferenciado, criando uma certa fidelidade em seus clientes. ” O trabalho da associação é rigoroso, os touros são vendidos com andrológico, medida escrotal e peso mínimo”, garante Baines. A associação brasileira, de olho também no mercado interno e externo da carne, está modificando alguns requisitos do padrão da raça para atender os frigoríficos que fazem corte para exportação. ” Essas instituições têm uma tabela em relação a peso, dentes, idade, espessura de gordura, entre outros, que vamos procurar atender para fornecermos carne a um mercado que está cada vez mais exigente por qualidade”, afirma. Luís Alberto Muller informa que a Naturatambém oferece touros Brangus melhoradores, provados e vendidos com suas Dep´s, pois os “pecuaristas necessitam aumentar sua rentabilidade utilizando tecnologia melhoradoras, produzindo produtos de melhor vantagem do Brangus – raça híbrida que tem 5/8 sangue Angus e 3/8 zebuíno -, é seu tamanho corporal, de porte médio, “propício para atender as vacas e bem adaptada ao meio ambiente”, garante. O Brangus, explica, “produz filhas com boa precocidade sexual e filhos com permitindo ao criador ter um ciclo reprodutivo e um ganho de peso mais rápido em seu rebanho”. Já o Simbrasil (híbrida produzida a 5/8 Simental e 3/8 zebu), tem seu grande trunfo, segundo o criador Carlos Eduardo Ferreira da Silveira, da Fazenda Santa Rita, em São Paulo, ” no aproveitamento da dupla aptidão do Simental, que imprime´’as fêmeas uma habilidade materna excelente possibilitando uma desmama com bezerros bem pesados”. ” Du” como é conhecido, descreve o pecuarista do centro-oeste como um comprador que compra um caminhão de turos, e não apenas um exemplar. “Por isso, temos que oferecer produtos rústicos, precoces, com rendimentos superior ao dos zebuínos e com preços acessíveis e, tudo isso, o Simbrasil oferece”, garante. ” Daí, a procura é tão grande que estamos – até – tendo dificuldade em atender a demanda”, afirma. A Fazenda Santa Rita mantém 200 animais da raça Simbrasil, sendo que 60% deles já fazem parte da segunda geração.

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