Negócios

Árabe brasileiro faz sucesso na terra do “Tio Sam”!

Foi possível aos criatórios daqui, durante essa época, adquirirem os melhores reprodutores árabes americanos a preços baixos e em grande quantidade e, com uma estratégica visão de mercado, passou a ser um fornecedor de animais para os Estados Unidos.

O processo deu-se, fundamentalmente, pelo trabalho de um dos mais tradicionais criadores de cavalos árabes no Brasil: Paulo Roberto Ferreira Levi, do Haras Capim fino. Polé – como é conhecido-, foi aos Estados Unidos e adquiriu alguns dos melhores reprodutores americanos, na ocasião já com intenção de abrir aquele mercado para os seus produtos. Segundo ele, mesmo conta, “nenhum desastre econômico dura para sempre. Por isso, aproveitei a oportunidade para comprar ótima genética e iniciar meios de comercialização com esse país”. Essa estratégia era, segundo Polé, levar, mostrar e vender os animais nas exposições americanas. Alguns Cavalos do Haras Capim Fino participaram de julgamento de conformação, ganharam algumas provas e também foram vendidos, porém, a consagração do criador foi em 91, quando ele apresentou o cavalo puro árabe Munir HCF na prova de Western Pleasure da exposição de Scottsdale, no Arizona, EUA. “Chegamos lá ridicularizados. Era um cavalo brasileiro, treinado e montado por um brasileiro”, lembra Polé. O resultado dessa empreitada foi a conquista do Reservado Campeonato, depois de ter desbancado mais de 240 animais.

Agora, depois de sete anos, o Haras Capim Fino, com 150 animais entre machos e fêmeas, configura-se como um dos principais berços de genética do cavalo árabe. Comercializa com os Estados Unidos e também com alguns países da América do Sul, como a Bolívia, Paraguai e Uruguai, com a marca HCF sendo conhecida, até mesmo, na África do Sul. “É incrível a propaganda que a qualidade faz. Todos os animais vendidos por nós são campeões de categorias e até de grandes campeonatos e eles, vendidos para os norte-americanos, podem ir a vários lugares. Estou recebendo ligações de interessados da África do Sul e nunca estive lá”, comenta.

Mais do que uma simples atividade comercial, a empreitada de Polé alavancou o mercado brasileiro de árabe, que há muito tempo estava confinada a um restrito grupo de criadores. Incentivou os que atuavam na raça e chamou a atenção de outros interessados, que visualizaram uma oportunidade de realização de negócios em um mercado onde, segundo Polé, é formado por proprietários de cavalo de conformação e não de criadores. Esse pode ter sido um fator preponderante para a transformação, dos Estados Unidos, de virtuoso vendedor para voraz comprador de genética árabe produzida no Brasil e adquirida através de profissionais intermediários. Ao anotar esse perfil dos nortes americanos, Polé distingue-os dos brasileiros, que compram seus animais no haras ou em seu leilão próprio, ao chamar, esses últimos, de “clientes-concorrentes”. “Eles têm a oportunidade de adquirirem a genética da Capim Fino e transformarem-se em nossos concorrentes e isso é ótimo para a raça”. Mesmo assim, para ele, o consumo interno continua em baixa, por isso, ele não tem grandes expectativas em relação às médias do seu leilão, que irá se realizar no fim de maio. “Realizamos nosso leilão há treze anos e quero manter a tradição. Além disso, quero desenvolver uma atividade comunitária dentro da raça, mas, sei que se o nosso leilão fosse realizado na Europa, teria uma média de US$ 30 mil, se nos Estados Unidos, uma média de US$ 40 mil. No Brasil, tenho consciência que vai ser abaixo disso”, analisa.

O Trabalho

“Criar cavalo é difícil. Depende de sorte e conhecimento na escolha de genética e um dos nossos instrumentos é a observação”. É por isso que os cruzamentos realizados dentro do plantel são totalmente dirigidos, com o objetivo de obter “animais bons, com conformação que atinja o objetivo da resistência e funcionalidade e que tenham aprumos excelentes”, afirma o criador, que escolhe, pessoalmente, todos os garanhões utilizados em suas éguas. “Em genética, o cruzamento é pura matemática da probabilidade, por isso é muito importante a escolha do garanhão. É através dele, que tem 100 filhos por ano, que podemos avaliar as suas características e utilizar essas informações nos cruzamentos. Por isso, para mim, o garanhão tem obrigação de ser melhorado”, declara.

Por sua opção em incrementar e aumentar a qualidade da raça, Polé formou na propriedade, localizada em Jaguariúna, SP, uma central de inseminação e transferência de embriões, com coleta de sêmen, realizada a cada dois dias, utilizando a técnica de resfriamento. A central conta, atualmente, com oito garanhões, sendo cinco deles, pertencentes a condomínios, dois de terceiros e um do próprio haras. “Estamos para receber um garanhão nascido nos Estados Unidos, mas que será enviado por um condomínio criado no Uruguai”, cita o criador.

Ele faz questão de afirmar que o trabalho desenvolvido no haras é “extremamente profissional”, por isso, o enfoque de atividade é priorizar a eficiência nos quesitos reprodução, treinamento e julgamento. “Queremos criar animais campões em todos os níveis da atividade” e com isso, um centro de treinamento de cavalos em provas como Western Pleasure, English Pleasure e Pleasure Driving também foi formado.

Com essa infra-estrutura e filosofia de trabalho, o Haras Capim Fino configura-se, também, como um centro de referência de raça, onde animais adquiridos em outros criatórios ficam no haras para serem preparados para atingir melhor nível de treinamento e condicionamento e estarem prontos para exportação.

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