A quantidade de carnes disponível no mercado interno permanece dentro de uma estabilidade, apesar das variações existentes. De acordo com o quadro de suprimentos do produto, atualizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de suínos e aves apresentou crescimento nos últimos anos, garantindo o abastecimento. Para 2021, a estimativa é de um novo recorde na produção de frangos e suínos, chegando a 14,76 milhões de toneladas e 4,35 milhões de toneladas, respectivamente. O índice tende a superar a quantidade registrada em 2020, quando o país teve 14,68 milhões de toneladas de frangos e 4,25 milhões de toneladas de suínos produzidos.
Esses aumentos compensam a ligeira redução verificada para bovinos, com uma produção esperada próxima a 8,31 milhões de toneladas neste ano, volume pouco abaixo do consolidado em 2020. Com isso, a disponibilidade interna total de carnes, somando aves, suínos e bovinos se manteve estável em 2020, na comparação com o ano anterior. Tendência que deve se repetir em 2021, uma vez que a expectativa aponte para uma leve redução no volume total ofertado, em torno de 1%.
No caso da avicultura de corte, a distribuição per capita do alimento tende a manter a estabilidade, atingindo os patamares mais elevados desde o início da série histórica, iniciada em 1996. Se em 2020 o índice esteve em 49,9 quilos por habitante por ano, em 2021 a estimativa está em 49,7 quilos. A ligeira queda é explicada pela expectativa de aumento tanto das exportações como da população brasileira. Só as vendas para o mercado externo devem chegar a 4,15 milhões de toneladas neste ano, podendo superar o volume embarcado do produto em 2020, quando foram destinados 4,12 milhões de toneladas ao exterior.
Para a carne suína, a disponibilidade interna se mantém acima de 15 quilos por habitante no ano. O resultado é atingido mesmo com o aumento de 34,7% nas exportações em 2020, superando 1 milhão de toneladas. Para este ano, a tendência é que as vendas para o exterior se mantenham em patamares elevados, sendo a China o principal consumidor.
Já o setor de carnes bovinas registra aumento significativo nas exportações nos últimos anos. Se compararmos o volume comercializado para fora do país em 2017 com o registrado em 2020, há um aumento de aproximadamente 37%, o que representa 723,7 mil toneladas a mais embarcadas. “Se analisarmos os dados a partir de 2015, percebe-se tendência de crescimento nas exportações e manutenção na oferta interna até o ano de 2018. A partir de 2019, a taxa de disponibilidade interna vem apresentando ligeiras reduções, muito em função dos abates de matrizes em anos recentes”, explica o diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, Sergio De Zen.
“Entre outros fatores que explicam essa diminuição, vale lembrar que, em meados de 2018, a China, maior consumidor de carnes no mundo, e responsável por praticamente metade do consumo de carne suína, registrou um surto de peste africana, que desequilibrou a oferta e demanda internacional do produto, gerando pressão em vários mercados”, ressalta De Zen.
“Devido ao curto ciclo de produção, as aves respondem mais rapidamente às flutuações de mercado. Já o processo de produção de carne suína e bovina tende a ter um tempo maior de adaptação, influenciando em nosso mercado. Além desse tempo necessário de ajuste entre oferta e demanda, com maiores quantidades exportadas, observa-se que outros importantes países, como Argentina, Austrália e a União Europeia, têm apresentado uma diminuição no consumo de carne bovina”, explica.
Os números da Companhia acompanham o cenário verificado pela Pesquisa de Abates de Animais divulgada trimestralmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mostrou uma queda de 8,5% no abate de bovinos em 2020, enquanto de frangos e suínos atingiram os maiores níveis, totalizando novos recordes de 6 bilhões e 49,3 milhões de abates, respectivamente.