As micro e pequenos empresas rurais do setor de gado de corte conseguiram aumentar seu faturamento em até 17%, com a verticalização da cadeia produtiva. A tendência já é vista em diversos estados brasileiros: os produtores de pequeno porte se unem em cooperativas e conseguem, além de produzir, abater, cortar e vender a carne. O movimento de união entre os pecuaristas possibilitou a redução dos custos com o encurtamento da cadeia e o aumento da qualidade da carne produzida, gerando mais valor ao produto e mais lucro para os participantes.
O analista de competitividade do Sebrae, Victor Ferreira, afirma que o Sebrae acompanhou recentemente duas cooperativas que apresentaram resultados animadores. “O apoio dado para esses pequenos produtores é fundamental para a força que eles ganham no mercado. Nós incentivamos desde melhorias no manejo do pasto e na genética dos animais, além das boas práticas de produção até a aproximação e negociação com o mercado. É incrível como o fato deles ganharem independência no processo de beneficiamento da carne faz diferença na competitividade deles”, observa.
De acordo com Victor, esse processo de assumir alguns processos da cadeia da pecuária de Corte foi beneficiada também com o fato de ter aumentado a procura no mercado por carnes de maior valor agregado. “Através das cooperativas, esses produtores conseguiram assumir o controle dos processos na cadeia produtiva que ele mesmo alimenta. Somado a isso, há um crescente movimento de busca no mercado por cortes especiais de carne. Brasileiro ama churrasco, e agora, tem procurado mais informações sobre como foi o processo de criação do gado. Além dos grandes supermercados e açougues, existem outros canais de comercialização como boutiques de carnes e empórios especializados que compram a produção”, afirma.
Apesar dos resultados serem animadores, o analista acrescenta que ainda há produtores que necessitam de acesso a tecnologias de produção e organização para aderir ao movimento. “Os pequenos pecuaristas brasileiros enfrentam uma concorrência muito forte em relação aos produtores de carne em escala industrial. Historicamente, os pequenos ficam presos às vendas a apenas um canal de comercialização como os frigoríficos que realizam todo o processo de abate, corte e venda. Quando eles encurtaram esse ciclo, assumindo a responsabilidade do corte e embalagem da carne, após o abate inspecionado, as negociações com o varejo, aumentaram competitividade e consequentemente o faturamento. Com as cooperativas ganham força e volume de produção para atender o mercado”, analisa Victor Ferreira.
A Boi de Engenho é uma dessas cooperativas que já virou marca registrada no segmento de carnes especiais em Alagoas. O grupo de pequenos produtores nordestinos ilustra bem a nova roupagem da produção e da venda de carnes no país. Com pastos nas cidades de Paulo Jacinto, Quebrângulo, Viçosa, Pão de Açúcar, União dos Palmares e Porto Calvo, a Boi de Engenho abastece os consumidores com carne de qualidade, investindo em sustentabilidade. “Nossa carne é diferenciada a partir da melhoria da fazenda, da nutrição animal, aplicando um manejo sustentável, com o gado bebendo água de alta qualidade em bebedouros, sem maus-tratos, utilizando pré-requisitos como o bom acabamento, utilização de gados jovens de 24 a 26 meses, trazendo uma carne mais macia”, explica um dos criadores Amarílio Monteiro.