O mercado de defensivos agrícolas teve redução de 10,4% no valor em dólar em 2020, com faturamento de US$ 12,1 bilhões – em 2019, a receita atingiu US$ 13,5 bilhões. Os dados referem-se a produtos aplicados e são divulgados pelo Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), a partir de levantamento encomendado a consultoria especializada.
“De janeiro a dezembro de 2020, a perda cambial foi de 18,5% para o setor”, informa o presidente do Sindiveg, Júlio Borges. “A consistente desvalorização do real frente ao dólar é um importante desafio para a indústria de defensivos agrícolas, uma vez que a maior parte dos custos está na importação de insumos e matérias-primas”, complementa.
De acordo com o presidente do Sindiveg, devido à elevada variação cambial ainda não foi possível repassar integralmente o aumento dos custos em 2020, o que deve acontecer este ano. O aumento dos preços dos insumos deve ser agravado pele elevação de preços de matérias-primas da China, bem como o custo da logística, que dobrou por escassez de contêineres e navios.
“A valorização da moeda chinesa em relação ao dólar, impulsionada pela perspectiva de crescimento da economia local, que deve atingir o maior pico em dois anos, e o aumento generalizado dos custos das matérias-primas e embalagens – como papelão e resinas – têm pressionado a indústria a reajustar seus preços para a próxima safra”, explica Júlio Borges.
Apesar da queda do valor de produtos aplicados em dólar (1,4 ponto percentual inferior à projeção feita pela entidade em dezembro), em real o valor do mercado de defensivos agrícolas aumentou 10%: de R$ 53,8 bilhões para R$ 59,1 bilhões. Em moeda norte-americana, é a primeira vez que o setor tem queda de faturamento em cinco anos analisados.
O Sindiveg ressalta que o tamanho do mercado de defensivos agrícolas não é medido a partir do valor dos produtos vendidos pela indústria, mas pelo preço que o produtor rural paga pelos insumos que efetivamente utiliza na sua propriedade. Assim, nesse valor, além do custo de comércio da indústria, está embutida também a margem de lucro das distribuidoras.
“Importante ressaltar que a área tratada com defensivos agrícolas foi maior em 2020 principalmente por dois fatores. Um deles é a ampliação da área de plantio de diversas culturas. Outro motivo fundamental está ligado ao aumento da pressão dos desafios fitossanitários nas lavouras, especialmente insetos, fungos e plantas daninhas resistentes”, destaca o presidente do sindicato.
A área tratada com defensivos cresceu 6,9% no país, chegando a 1,6 bilhão de hectares (107 milhões ha a mais que em 2019). O cálculo da área tratada considera o volume de produtos e de aplicações de insumos, assim como a área cultivada, e ajuda a compreender o cenário de utilização dos defensivos, essenciais para a produtividade da agricultura do país.