O desmame dos leitões é uma das fases de produção em que o suinocultor deve ser mais cauteloso. Decisões tomadas neste período podem impactar diretamente na produção animal e, consequentemente, na qualidade da carne que chega à mesa do consumidor. As escolhas se iniciam já na opção de como será realizado o desmame: alojamento dos leitões em creches a partir da separação brusca de mãe e filhote ou fornecimento de ração em forma de papinha ou farelada durante a maternidade para que o animal se adapte gradualmente ao novo tipo de dieta.
Apesar de o tempo médio do desmame ser de 21 a 28 dias, a idade correta para iniciar a nova alimentação deve ser fundamentada no objetivo final do produtor. Se a meta for a criação do maior número de leitões ao ano, a amamentação deve ser interrompida mais cedo.
O nutricionista animal da Quimtia, José Luiz Schneiders, afirma que existem consequências nessa escolha. “Mesmo com o auxílio de rações substitutas ao leite da matriz, leitões que são desmamados por volta dos 28 dias tem o desenvolvimento e a engorda melhores em relação aos que passaram por esse processo prematuramente”, explica.
Mesmo que a mudança de alimentação dos filhotes seja um momento de muito estresse para os animais, existem maneiras de amenizar a situação, como a inserção de uma dieta sólida enquanto ele ainda está sendo amamentado pela porca. Um dos caminhos para auxiliar nesse processo é oferecer rações com alta palatabilidade e digestibilidade.
“Tanto durante a fase de desmame quanto no pós, as rações devem ser desenvolvidas com ingredientes altamente digestíveis, com fontes nobres de proteína, relação ideal de aminoácidos, ingredientes lácteos e aditivos que auxiliam na saúde intestinal dos leitões”, conta Schneiders.
Cuidado completo
Para os animais se adaptarem de forma mais tranquila às mudanças, o foco não deve ser apenas na nutrição, mas também no ambiente em que serão inseridos e no manejo sanitário necessário. Leitões adoecidos não consomem ração e, ainda que venham a se alimentar, os nutrientes recebidos são direcionados ao combate da doença e não seu desenvolvimento, o que prejudica a produção.
“A importância da correta manutenção da ambiência na criação dos suínos pode ser constatada na paralisação espontânea da alimentação pelos animais, que acontece quando eles estão fora da sua zona de conforto térmico”, explica o nutricionista animal. Um exemplo é quando o ambiente está muito quente, fazendo com que os leitões eliminem estresse calórico ao ofegar. Já com frio, os animais ficam próximos uns dos outros para se aquecer.