A piscicultura se tornou mais uma importante fonte de renda para famílias rurais do Projeto de Assentamento (PA) Estrela da Manhã, em Vila Boa, município da Região Nordeste de Goiás. A escassez de água não impediu que criadores de peixe da comunidade alavancassem a produção, após participarem de uma capacitação organizada pelo Governo de Goiás, por meio da Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater).
Realizado em 2019, o curso tem mostrado seus impactos depois de um ano de trabalho, investimento e acompanhamento técnico de especialistas da Unidade Local da Emater. As aulas foram ministradas pelo mestre em Piscicultura, Francisco Cabral, para uma turma de 30 alunos, dos quais dez optaram por profissionalizar a atividade e dar continuidade ao que foi iniciado na época. Cada produtor trabalha hoje com dois tanques voltados para a criação de tilápia e tambaqui, peixes de água doce bastante apreciados pela culinária brasileira.
De acordo com Cabral, muitos agricultores familiares do assentamento já criavam peixe, no entanto, em condições precárias devido à falta de água no local. “A produção era feita de maneira bem rudimentar, sem oxigenação adequada e em pouquíssimas quantidades. Normalmente, o peixe apresentava problemas com doenças e parasitas, já que a água era limitada”, explica.
Conforme a orientação do especialista da Emater, os piscicultores começaram a implantar represas para a contenção de água da chuva, que serve para manter os tanques cheios. Os viveiros foram construídos a um nível abaixo da pequena barragem de maneira que toda a água precipitada escorra para os reservatórios onde estão os peixes. Cada tanque deve abrigar de três a quatro peixes por metro quadrado para não prejudicar a oxigenação.
Maior valor agregado
O assentado Henrique de Souza de Araújo, que antes criava apenas tilápia, relata algumas transformações desde então. Segundo ele, a introdução do tambaqui trouxe um salto de qualidade na produção, uma vez que o peixe não se reproduz espontaneamente em cativeiro como a tilápia. A presença de menos animais por metro quadrado na água acarreta em um melhor desenvolvimento, maior e mais saudável crescimento das espécies.
Além de atribuir mais valor aos produtos dos piscicultores, a Emater está auxiliando quanto ao processo de comercialização, um dos grandes obstáculos enfrentados por integrantes da agricultura familiar. Recentemente, a Agência articulou a venda dos peixes, que serão destinados ao mercado de Brasília, por meio de uma cooperativa em Flores de Goiás.
“Se fosse para comercializar individualmente, seria mais difícil porque não teria grande volume de produção. Ao unir os produtores, é possível atender a demanda”, esclarece o técnico agrícola da Emater, Marcos de Oliveira Soares. A expectativa é que as vendas comecem ainda este ano, com produção estimada em dois mil peixes por tanque.