A concessão florestal de florestas públicas federais gerou em torno de 1200 empregos formais, em 2020. O número de empregos com carteira assinada é referente a 15 contratos ativos de concessão florestal em Florestas Nacionais (Flonas), nos estados do Pará e Rondônia. Somente as concessionárias da Flona de Altamira, RRX e Patauá Florestal, assinaram a carteira de 624 funcionários.
No entanto, os empregos indiretos da concessão florestal giram em torno de 3 mil empregos, apenas no distrito de Moraes Almeida, onde estão localizadas as sedes dessas empresas. O diretor administrativo da Patauá, Onésio Alves da Silva, afirma que “a Patauá tem 150 funcionários dentro da Flona de Altamira, além de manter 500 empregos diretos e 2500 indiretos. Considerando que o distrito de Moraes Almeida tem 10 mil habitantes, 25% da população depende direta ou indiretamente do nosso grupo”.
A Patauá é uma Sociedade de Propósito Específico (SPE), com cinco sócios. Cada um deles tem a sua madeireira. A produção das duas Unidades de Manejo Florestal (UMF) III e IV da Flona de Altamira é dividida igualmente para beneficiamento nessas madeireiras. A empresa do Onésio usa do nome de fantasia de Madeiras Garibaldi e emprega 30 colaboradores.
Histórias de vida
Auxiliar de produção da Garibaldi, Maria Bárbara Santos Silva (27), está realizando o sonho da vida: ter a casa própria. Nascida em Bom Jardim, no Maranhão, mudou-se com a família ainda criança para o município de Itaituba em 2004, onde o pai comprou um pedaço de terra. Foi com o pai que Maria Bárbara aprendeu que existe uma “metragem” permitida para desmatamento pelos proprietários rurais. Nesse espaço, o pai planta arroz, feijão e macaxeira, tudo para o consumo. No entanto, o sentimento de proteção da floresta aumentou ainda mais com o trabalho na concessão florestal. Aos 18 anos, a auxiliar de produção se casou e tentou melhorar de vida no município de Miritituba, mas não deu muito certo.
“Eu e meu esposo, chegamos aqui em Moraes Almeida cheios de dívidas. Mas, foi trabalhando aqui na Garibaldi que eu e meu esposo conseguimos pagar tudo, comprar nossas coisinhas e ainda compramos um terreno e vamos construir nossa casa. É um sonho que só conseguimos realizar por causa da concessão, que dá emprego e segurança pra gente. Não quero mais sair daqui”, disse Maria Bárbara.
A história de José Gomes da Silva (50) é um pouco diferente da colega de empresa, Maria Bárbara. Ele saiu de Alagoas em 1994 para o município de Paragominas (PA) em busca de trabalho. Conseguiu. Só que a vida na extração ilegal de madeira é sofrida e incerta. Só se tem trabalho no período de produção. Foi assim com José Gomes em Paragominas e em Tucuruí, também do Pará. No entanto, sua vida mudou ao ter um emprego com carteira assinada na Garibaldi.
Antes de ser transferido para a função de zelador, José Gomes trabalhou como operador de plaina, desde que entrou na empresa. “Se eu pudesse dar um conselho pras pessoas que trabalham com a retirada ilegal de madeira, ia contar minha história. Minha vida hoje é tranquila, tenho salário todo mês, férias e todos os direitos. Outra coisa, aqui em Moraes Almeida, nas concessões, tem emprego sobrando. Estou muito feliz aqui, só saio daqui se o patrão me mandar embora”, relata José.