A Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) permanece monitorando o surto de gafanhotos no Noroeste do Estado. As equipes continuam realizando os levantamentos nos locais dos focos, avaliando principalmente os potenciais danos às lavouras.
Segundo o chefe da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal da Seapdr, Ricardo Felicetti, desde o dia 30 de novembro, estão sendo feitos levantamentos diários para apurar a situação de infestação. “Inclusive foi realizado sobrevoo a fim de estimar os impactos na mata nativa e culturas adjacentes”.
No total foram vistoriados 6.777,5 ha, destes 3.432,5 ha (50,65%) de área agrícola e 3.345 ha (49,35%) de área de mata nativa. Considerando a área total vistoriada, o percentual de área agrícola com incidência foi de 26,47% (1794 ha), enquanto que na mata nativa este percentual representa 46,14% (3.127 ha).
Com as chuvas ocorridas na região, houve diminuição na mobilidade dos gafanhotos. Conforme relatado pelos fiscais in loco, em áreas que chegaram a ser coletados indivíduos de gafanhotos no dia 02 de dezembro, não mais foram observados indivíduos no dia seguinte. Os fiscais informam que os insetos adultos continuam se alimentando preferencialmente de exemplares de Timbó (Ateleia glazioveana), e as ninfas preferencialmente de Fumo-Bravo (Solanum mauritianum). Observa-se uma concentração de indivíduos adultos nas mesmas árvores, em atividade reprodutiva.
Nos pontos com incidência em áreas agrícolas há ocorrência de gafanhotos principalmente na bordadura junto à vegetação nativa. Nessas áreas relatou-se a presença dos insetos mas não foi observado dano expressivo. Em 5 de dezembro foi verificada ocorrência de gafanhotos em uma área de soja de 5 hectares, junto ao ponto do foco inicial, na Reserva Indígena do Inhacorá, em São Valério do Sul/RS, com intensidade de desfolha em cerca de 5%, sendo que na bordadura da mata apresentava cerca de 15% dos folíolos de soja cortados.
No entanto, considerando a área total de soja vistoriada (2483 ha), nota-se uma incidência média de 33,37 % e uma intensidade de desfolha média de 0,41%. Nas áreas de milho observa-se uma incidência de 20,45% e uma intensidade de desfolha de 0%. Já nas áreas de mata Nativa (3345 ha) a incidência média foi de 56,53% e a intensidade de desfolha 30,81%. Nas áreas de mata nativa foram observadas árvores totalmente desfolhadas e indivíduos de gafanhotos começando a alimentar-se dos caules e ramos das árvores.
Em sobrevoo realizado na região de maior densidade de pontos com incidência de gafanhotos, pode-se observar grande desfolha em exemplares de timbó na bordadura das áreas de mata nativa, e nítido gradiente decrescente de desfolha na mata nativa partindo do foco inicial.
Foto: Alonso Andrade/Seapdr