A cultura do algodoeiro sofre com vários prejuízos causados por pragas, destacando-se a mosca-branca (Bemisia tabaci), cuja incidência na cultura tem causado perdas significativas à produção. Com o objetivo de encontrar alternativas para o controle da praga, foi conduzido um experimento na Fazu (Faculdades Associadas de Uberaba).
O algodão é a quarta cultura mais importante da agricultura brasileira, depois da soja, cana de açúcar e milho. No ano passado, o Valor Bruto da Produção (VBP) foi de R$ 34,95 bilhões, o que representa 9,10% em relação ao VBP das culturas. Nos últimos três anos, a cultura teve um desempenho espetacular, crescendo 131%.
Bemisia tabaci, mais conhecida como mosca branca, é uma dessas pragas com relevância na cultura do algodoeiro. É um inseto que pertence à Ordem Hemiptera, que compreende outros insetos sugadores, como percevejos, pulgões, cigarras e cochonilhas. Pertence à família Aleyrodidae e é atualmente classificada como praga de diversos cultivos agrícolas no cerrado, destacando também a cultura da soja e feijão. O biótipo B de B. tabaci foi introduzido no início da década de 1990 no Brasil, através da importação de plantas ornamentais, sendo considerado um dos mais agressivos e presente em todo o País.
De acordo com o professor e orientador da pesquisa, Dr. Diego Fraga, o experimento foi conduzido pela Eng. Agrônoma Sarah Leslie. “A adoção de cultivos consorciados, que constituem na implantação de duas ou mais espécies de plantas na mesma área, pode contribuir na redução populacional da praga. Neste trabalho, buscamos determinar se o cultivo consorciado de cultivares de algodoeiro com plantas companheiras poderia influenciar na ocorrência, dano e preferência da mosca-branca em campo”, destaca Fraga.
O experimento foi realizado na área experimental da Fazu, avaliando-se os efeitos de diferentes variáveis sobre a presença da praga, destacando-se a utilização de duas variedades transgênicas de algodoeiro, comumente utilizadas pelos produtos, cultivadas em consórcio com crotalária e nabo forrageiro. Estas plantas companheiras foram escolhidas por apresentarem efeitos diversos sobre a ocorrência de pragas.
As plantas companheiras foram semeadas nas bordas de cada parcela (1,5 metro) e durante todo o ciclo da cultura do algodoeiro (aproximadamente 160 dias). Todavia, somente a partir dos 82 dias após a emergência das plantas de algodoeiro, foi detectada a presença da praga em ambas as cultivares. A partir deste momento, foi observado que os indivíduos de mosca-branca estavam concentrados em maior número nas plantas que estavam consorciadas com as plantas companheiras, demonstrando que estas apresentaram um papel importante na atratividade da praga. “Tais resultados podem contribuir para o manejo da praga, uma vez que o seu cultivo próximo ao de algodoeiro podem influenciar negativamente o produtor”, afirma Diego.
Doutor em Entomologia Agrícola, Diego enfatiza que estudos futuros estão em desenvolvimento para avaliar o efeito destas e de outras plantas companheiras sobre a ocorrência da mosca-branca e de outras pragas relevantes para a cultura do algodoeiro, tais como o bicudo-do-algodoeiro e lagartas que podem atacar seus botões florais e maçãs.
Este estudo foi fruto do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da Eng. Agrônoma Sarah Leslie. “Conduzir o projeto experimental foi uma grande satisfação pessoal, desafiando-me cada dia a ir em busca de conhecimento teórico e prático sobre a cultura do algodoeiro e sobre o inseto praga mosca-branca. Ao longo do processo, pude contar com grande apoio e incentivo do meu professor e orientador Diego Fraga”, finaliza Sarah.