“O uso de sucedâneo lácteo na dieta de bezerras ganha cada vez mais espaço na pecuária leiteira devido à sua comprovada contribuição ao desenvolvimento dos animais na fase inicial da vida por, possuir em sua formulação a maioria de componentes lácteos, com excelente solubilidade e estabilidade. De fácil manejo, pode ser oferecido a partir do segundo dia de vida das bezerras ou após o fim do período em que recebem o leite de transição”, explica Marília Ribeiro, responsável pelo projeto Dra. Sprayfo na Trouw Nutrition Brasil.
Ela também pede atenção às informações contidas no rótulo do produto: ingredientes como farinhas e farelos indicam a presença de proteínas de origem vegetal e fibras. “Bezerras não possuem aparato enzimático capaz de digerir estes ingredientes. O sucedâneo lácteo precisa ter fórmula fixa, ou seja, não deve conter eventuais ‘substitutos’, pois a alteração recorrente das matérias-primas utilizadas na formulação podem trazer problemas aos animais, como diarreia alimentar e queda no desempenho”, alerta a especialista.
Sucedâneos lácteos de boa qualidade têm como diferenciais a facilidade na homogeneização e a estabilidade. “Para reconhecer a qualidade do produto, uma dica é analisar o tempo que ele leva para decantar. Bons sucedâneos chegam a permanecer 24 horas sem decantar ou decantam pouco”.
Outra prática comum na suplementação das bezerras – mas que representa sério risco de contaminação dos animais – é o uso de leite de descarte. “O produtor pode achar uma alternativa simples e de baixo custo, porém o prejuízo vem a médio e longo prazos. Além de micro organismos patogênicos e toxinas, é estudada a presença de antibióticos no leite de descarte. O risco é de o alimento vir de vacas com mastite ou que estejam recebendo antibiótico por algum outro motivo. Nesses casos, os resíduos podem contribuir com o desafio crescente da resistência antimicrobiana”, reforça Sinara Gomes, também responsável pelo projeto Dra. Sprayfo.
“Com isso, quando há necessidade de uso de antibióticos para tratamento de doenças, eles deixam de fazer o efeito esperado. Outro detalhe importante é que sua ingestão frequente pode alterar o microbioma intestinal”. Vale lembrar que o leite descarte possui muita variação em sólidos e bezerras gostam de rotina, mesmo em termos de alimentação. “Os animais respondem melhor ao horário fixo de aleitamento, à mesma temperatura e quantidade de sólidos. Nesse caso, o uso de sucedâneos lácteos representa mais segurança e proporciona melhor desempenho, porque um dos seus principais benefícios é a manipulação e a estabilidade dos sólidos. Além disso, permite a independência do horário de ordenha, eliminação da transmissão de patógenos veiculados pelo leite, qualidade sanitária e padronização da dieta”, destaca.