O plantio do trigo está começando e algumas recomendações importantes podem ajudar os agricultores a alcançarem a melhor produtividade possível. “A cultura do trigo adapta-se bem em climas mais amenos e com chuvas mais espaçadas. O primeiro desafio é o fluxo ideal de chuva. Sabe-se que o volume necessário para a cultura é de 450 a 800 milímetros durante todo o ciclo”, destaca Pedro Afonso, técnico de desenvolvimento de mercado da BRANDT do Brasil.
Um grande volume de chuvas durante a emergência interfere na germinação, podendo causar a morte do embrião, tendo maior importância no espigamento, quando as anteras ficam expostas, sendo uma espécie de “porta de entrada” para patógenos. Já na colheita, o fator de germinação na espiga pode interferir na qualidade do grão, elevando o índice de micotoxinas. “O principal fungo associado às micotoxinas é o Fusarium, que pode infectar a planta desde o florescimento perdurando até o enchimento de grãos, prejudicando principalmente seu grau de qualidade e, consequentemente, preço de mercado. Sendo essa apenas uma das inúmeras doenças que podem atingir a cultura, tornando necessário aplicações de fungicidas para o seu controle, buscando o aumento da eficiência passou-se a usar produtos protetivos multissítios associados aos fungicidas padrões”.
“Outra dificuldade encontrada no manejo da cultura e que está entre os principais desafios fitossanitários, sendo também um fator limitante do potencial de rendimento do trigo, são os problemas com infestações de plantas daninhas, que para o seu controle deve se fazer a aplicação de herbicidas específicos, para não prejudicar a cultura principal e eliminar a mato competição. Mesmo assim, o trigo pode sofrer perdas por fitotoxicidade decorrente dessas aplicações”, informa.
“Trata-se de uma cultura exigente em seu desenvolvimento, desde o controle de plantas daninhas, pragas e doenças até a nutrição. Esses são os fatores fundamentais para atingir altas médias de produtividade e qualidade dos grãos”.
A produção brasileira de trigo é estimada em 5,4 milhões de toneladas na safra 2019/2020, com estimativa de área de 1,98 milhão de hectares. Esse volume não é suficiente para atender à demanda interna. Por isso, o Brasil é um dos maiores importadores globais de trigo, adquirindo mais de 7 milhões de toneladas por ano, especialmente da Argentina. O Paraná responde por cerca de 50% da produção nacional.
“Apesar de o trigo poder representar boa renda para os produtores, observamos redução na área plantada de trigo no Brasil nos últimos anos. Temos um potencial de retorno econômico, porém é uma cultura de alto risco, elevado investimento e competição com o trigo argentino”, enfatiza Samuel Guerreiro, diretor técnico da BRANDT.