A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) realizou pela segunda vez consecutiva uma análise para acompanhar a relação entre a produção de soja com as queimadas no bioma Amazônia, cuja responsabilidade muitas vezes é atribuída ao agronegócio.
O estudo revela que o plantio de soja nos 15 municípios mais afetados pelos focos de incêndio na região amazônica, no período de janeiro a setembro de 2020, totalizou 209 mil hectares na última safra, número que representa apenas 0,28% da área total desses municípios.
“Essa é a segunda vez que fazemos este acompanhamento e os dados novamente comprovam que a presença da sojicultura nas áreas afetadas pelos incêndios no bioma é inexpressiva”, explica Bernardo Pires, gerente de sustentabilidade da Abiove.
O compilado, que cruzou dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra ainda que a cultura da soja está presente em apenas cinco dos 15 municípios que estão sendo mais afetados pelas queimadas deste ano.
A área plantada com soja no Brasil soma 36 milhões de hectares, sendo 5,2 milhões de hectares localizados no bioma Amazônia. Ou seja, os 209 mil hectares de soja nos cinco municípios que apresentam focos de queimadas representam apenas 4% da área plantada com a oleaginosa neste bioma.
Outro ponto importante apontado pelo estudo é que os municípios do Amazonas com mais focos de incêndios (Apuí, Lábrea, Novo Aripuanã, Manicoré, Boca do Acre e Humaitá) não possuem logística adequada para o escoamento da safra nem condições favoráveis de clima e solo para as lavouras de soja.
“Já sabemos que a soja não é um vetor de desmatamento da Amazônia, uma vez que fazemos o acompanhamento da presença da sojicultura no bioma desde o ano de 2006 por meio da Moratória da Soja”, reforça Pires. “Ainda assim entendemos que é fundamental fazer este acompanhamento para que não reste dúvida sobre a relação entre a soja e os incêndios no bioma, já que muitas vezes surgem comentários que essas áreas poderão ser dedicadas futuramente à produção de soja, o que não faz sentido, pois muitas dessas áreas não possuem aptidão agrícola e temos uma política internacionalmente reconhecida de não comprar ou financiar soja cultivada na região em área desmatada após julho de 2008”.