A cada colheita da maçã, realizada nos primeiros meses do ano, Vacaria recebe milhares de trabalhadores em busca de oportunidades. Uma parte dos safristas é da região da Fronteira do Rio Grande do Sul, porém, há pessoas de diferentes estados que vão até a cidade, localizada nos Campos de Cima da Serra Gaúcha, para atuar durante o período. Na Rasip, terceira maior produtora e comercializadora da fruta no Brasil, são mais de dois mil trabalhadores temporários contratados para o período, sendo que 50% deles são de aldeias indígenas do Mato Grosso do Sul. A empresa recebe ainda pessoas dointerior do Paraná, de São Paulo e de estados do Nordeste.
A colheita atrai safristas por conta dos benefícios oferecidos. Em muitos casos, o serviço temporário ajuda no sustento das famílias dos trabalhadores durante o ano todo. A Rasip conta com uma estrutura de alojamentos nos próprios pomares, além de atendimento médico com ambulatório e três refeições diárias. “Recrutamos trabalhadores de fora da cidade em função da elevação da produtividade e maior tempo de permanência, uma vez que ao ficar alojada na empresa, a pessoa permanece focada na atividade”, conta Sergio Martins Barbosa, diretor-superintendente da RAR, marca corporativa, que engloba a Rasip.
O diretor revela que a empresa passou a contratar indígenas há cerca de oito anos e atualmente possui quatro recrutadores, quepassam o ano viajando e conhecendo cidades, aldeias e contatando agências locais do Sistema Nacional de Empregos (SINE). “Os profissionais da RAR vão até as aldeias e conversam com os caciques, explicando como funciona o trabalho”, relata Sergio. Após, as vagas são abertas no Centro de Integração e Apoio ao Trabalhador (CIAT) e então um recrutador vai até a aldeia e, com o apoio de um líder local, realiza a seleção. “Existem casos de safristas que vêm há quatro, cinco anos, consecutivamente”, destaca Sergio.
A maior quantidade de contratações ocorre no início do ano, para a colheita da Gala – entre o final de janeiro até metade de março. Após este período os trabalhadores voltam para casa e retomam a atividade em Vacaria no final de março, para a colheita da Fuji que dura cerca de um mês. Em novembro, ocorre o “raleio”, que é a retirada do excesso de frutos do pomar, para que possa produzir novamente. “Esta é outra oportunidade em que contratamos mão de obra extra”, conta a coordenadora de Recursos Humanos da RAR, Karine Amarante.
“Neste ano contamos com safristas de São Paulo, Paraná, Bahia, Sergipe, Paraíba e de cidades do Mato Grosso do Sul como Dourados, Campo Grande, Aquidauana, Amambai, além das aldeias Taquapiri, Guassuti, Sassoró, Amanbai e Jaguapiré, entre outras”, conta Karine. Atualmente a RAR conta com 850 funcionários fixos, além das contratações temporárias.