A história da produção de banana em Delfinópolis, no sudoeste de Minas Gerais, começou em 1993. Naquele ano, desanimado com os baixos preços do café, um pequeno grupo de produtores resolveu investir no plantio da fruta como alternativa de renda.
Inicialmente, foram plantados 20 hectares. O início foi muito difícil, tanto do domínio das técnicas de condução da lavoura, como na comercialização. Além dos agricultores, o trabalho envolveu a Emater-MG, vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), e a prefeitura municipal. “Foram muitas dificuldades, o que é normal no início de qualquer atividade. Não havia nada de fruticultura comercial no município”, explica o engenheiro agrônomo da Emater-MG que participou da implantação da bananicultura no município, Sávio Marinho.
Com a persistência dos produtores, aliada às condições favoráveis da região, o cultivo da fruta prosperou. A textura do solo, a topografia, o clima quente e a disponibilidade de água para irrigação se mostraram ideais para a produção de banana. Além disso, o município está próximo de grandes centros consumidores. Atualmente, Delfinópolis é o segundo maior produtor de banana de Minas Gerais, com aproximadamente 150 agricultores envolvidos na atividade, que é o carro-chefe do setor agropecuário do município.
Em 2019, a produção foi de 80 mil toneladas. A área ocupada com a bananicultura em Delfinópolis está em torno de 3,6 mil hectares, principalmente com a banana prata-anã. De acordo com a Emater-MG, neste ano, a estimativa é que a cadeia produtiva da fruta movimente R$ 100 milhões no município.
A mais recente conquista dos bananicultores de Delfinópolis foi a obtenção da marca coletiva “Banana de Delfinópolis”, no ano passado, registrada no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi). A marca de produtos ou serviços provenientes de uma empresa representa uma coletividade. Esse é o caso de associações, cooperativas, sindicatos, entre outros.
O processo para a obtenção da marca coletiva foi uma articulação do Sebrae, Associação dos Produtores de Banana de Delfinópolis e Região (Adelba) e Emater-MG. O trabalho incluiu a mobilização de produtores e formação de um Conselho Curador da Marca para estabelecer um padrão de qualidade para a venda da banana com o selo “Banana de Delfinópolis”.
“O trabalho para obtenção da marca aproximou os produtores associados. O lançamento do selo foi objeto de inúmeras matérias na mídia e foram criados sites da marca e da associação. Compradores nos procuraram a partir da divulgação destes sites”, explica Sávio Marinho.
O produtor Marcelo Lemos Rusisca produz banana em Delfinópolis há 24 anos. Hoje tem uma área de 80 hectares. Ele conta que o trabalho para valorização da marca é lento e gradual. “Após a obtenção da marca, iniciamos contatos e visitas a compradores para apresentar a qualidade da nossa produção e a garantia de fornecimento regular. Em Belo Horizonte, por exemplo, estivemos com dois grandes distribuidores da Ceasa da Região Metropolitana, que entregam bananas para os supermercados da capital”, explica.
A banana de Delfinópolis e região é vendida atualmente para os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além de cidades mineiras como Belo Horizonte, Uberlândia e Uberaba.
Uso do selo
Todos os produtores de banana da Adelba têm direito de utilização da marca coletiva. Mas para usar o selo na hora de comercializar a fruta, é preciso seguir os padrões estabelecidos pelo Conselho Curador da Marca. São critérios relacionados a defeitos e danos que podem acontecer no campo e na hora da colheita, beneficiamento e embalagem. Existem também regras de apresentação da fruta, transporte e rastreabilidade.
Entre os critérios estabelecidos, a banana que recebe o selo não pode ter manchas causadas por queimaduras do sol ou por insetos como gafanhotos e traças. Frutos malformados também estão vetados.
As bananas devem ser lavadas e as caixas de madeira para embalagem são proibidas. A fruta só pode ser acondicionada em caixas de papelão ou plástico. A padronização das bananas para recebimento do selo também estabelece a homogeneidade do tamanho da fruta, com calibre e comprimento mínimos.
A rastreabilidade deve ser garantida e informada na etiqueta. O transporte precisa ser feito em caminhões limpos e adequados para este tipo de mercadoria.