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Biotecnologia ajuda a impulsionar a piscicultura no país

Por André Morais* –  O mercado brasileiro de piscicultura vem crescendo em ritmo acelerado nos últimos anos. Depois de fechar 2018 com um faturamento de R$ 5,6 bilhões, a expectativa é crescer 25% até 2022. Os dados são da Associação Brasileira de Piscicultura – Peixe BR e apontam um cenário de otimismo, mas também de desafios.

Entre as carnes que fazem parte do cardápio do brasileiro, o peixe ainda é a mais cara, o que faz seu consumo per capta ficar abaixo das opções bovina e suína. Enquanto o brasileiro consome, em média, 9,5 quilos de peixe por ano, o consumo de carne bovina alcança 37,3 quilos e o de frango 45,9 quilos. O consumo de peixe no Brasil também fica abaixo da média mundial, que é de cerca de 20 quilos.

Mas, quais os grandes desafios da piscicultura brasileira para aumentar a produção de peixe e democratizar o consumo no país?

Das mais de 720 mil toneladas de peixe produzidas no Brasil em 2018, 400 mil foram de Tilápia, espécie muito adaptada ao clima, a água, de fácil manuseio durante a produção e com carne muito apreciada pelos brasileiros. Mas o que mais favorece a produção da Tilápia é seu custo de produção, considerado baixo na comparação com outros tipos de peixes.

Apesar dessa aparente vantagem econômica, fatores como a mortalidade na fase dos alevinos encarece o processo, enfraquecendo a competitividade. Essa mortalidade pode ser causada por alguns fatores, como aumento da concentração de nitrito e presença de amônia na água, pH desfavorável, oscilações bruscas na temperatura da água ou ainda baixa oxigenação dos viveiros. Outro item que onera o piscicultor é o gasto com ração, que pode representar até 70% do total.

Para ajudar a sanar essas dificuldades na produção, o mercado vem se adequando e disponibilizando algumas soluções inovadoras para tornar a piscicultura mais competitiva e a biotecnologia é uma delas. Com eficiência já comprovada em diferentes segmentos ela tem se consolidado como grande aliada dos piscicultores brasileiros.

Mas, de que forma a biotecnologia e suas soluções são aplicadas nesse mercado?

As soluções biotecnológicas utilizam o poder dos microrganismos encontrados naturalmente no meio ambiente. Todas as bactérias usadas são do chamado nível 1: naturais, não patogênicas, não oportunistas e sem modificação genética que, ao entrarem em contato com o composto orgânico presente nos viveiros, eliminam as substâncias indesejadas e transformam essa matéria em CO2 e água. Isso tudo sem nenhum tipo de agressão ao ecossistema. Os microrganismos presentes na solução fazem uma verdadeira remediação e não são nocivos em nenhum grau à natureza, aos peixes e aos seres humanos.

Ao ser aplicada nos viveiros a solução biotecnológica auxilia na degradação dos compostos orgânicos, promovendo melhora significativa na qualidade da água e, consequentemente, para a vida do peixe. Esse processo traz benefícios importantes ao viveiro, como melhora na conversão alimentar dos peixes, favorecendo a redução de perdas e custos de ração e ainda nas concentrações de compostos nitrogenados, evitando toxicidade ao ambiente.

Quando os benefícios do uso da biotecnologia são avaliados em números, vale citar resultados obtidos em um cliente que obteve 35% de redução nos custos energéticos com o bombeamento da água, 60% de redução na renovação da água, 20% de redução no tempo de cultivo, 13% de aumento do peso diário, 12% de aumento no peso final de 10% no aumento da sobrevivência dos peixes.

Outras vantagens ao viveiro, promovidas pelo consumo da matéria orgânica pelos microrganismos, são a prevenção da turbidez, redução do acúmulo de lodo no fundo dos tanques e a manutenção do ciclo biológico do nitrogênio. Esse conjunto de ações traz estabilidade do início ao fim do processo produtivo, sem nenhum impacto ambiental e sem deixar odores.

É sabido que o uso da biotecnologia, de forma isolada, não dará conta de melhorar os resultados da piscicultura, mas sua atuação como aliada do setor é cada vez mais inquestionável. Some-se a isso o aumento da competitividade, incentivo às exportações e teremos um mercado cada vez mais forte.

(*) André Morais é diretor de marketing da SUPERBAC

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