Além do preço, o suinocultor precisa levar a qualidade dos grãos em consideração, a fim de minimizar a ocorrência de micotoxinas. A contaminação por essas substâncias tóxicas provoca queda do desempenho, causando inclusive problemas reprodutivos. A rotina de monitoramento e análises da presença de micotoxinas nas matérias-primas é importante para reduzir impactos indesejáveis na saúde e na performance do plantel.
“Várias micotoxinas podem afetar o sistema reprodutivo dos suínos. Encontramos com mais frequência nos ingredientes das rações a Zearalenona, o Deoxinivalenol e a Fumonisina. A duas primeiras micotoxinas aparecem esporadicamente, mas, quando presentes, atuam sinergicamente, provocando danos extremos. Já a Fumosina causa problemas respiratórios e reprodutivos. Ela tem alta incidência no milho e na soja”, analisa Augusto Heck, gerente técnico de suínos da Biomin.
A Zearalenona imita um hormônio naturalmente produzido pelos animais, o estrógeno. Em fêmeas, pode levar à falsa gestação e inflamação da vulva e vagina. “Se a prenhez seguir, os leitões nascem fracos ou natimortos e, também, podem desenvolver a síndrome dos membros abertos. No caso dos machos, o impacto ocorre na diminuição do interesse sexual e qualidade espermática, aumento do prepúcio, atrofia dos testículos e crescimento das mamas”, explica.
Os órgãos mais afetados pela Fumosina são pulmões, fígado e coração. Na gestação, essa micotoxina é responsável pela diminuição do desenvolvimento do feto e causa problemas respiratórios. “É importante destacar que a quantidade de micotoxina ingerida e o tempo a que os animais foram expostos determinarão se os danos serão reversíveis. E muitos casos não são e podem até ser mortais”, destaca o especialista.
O Deoxinivalenol é responsável pela piora na conversão alimentar dos animais, que podem apresentar vômitos, diarreia, hemorragias no estômago e intestino. “Essa micotoxina tem afinidade com células de rápido desenvolvimento e interfere na maturação de óvulos e espermatozoides. Ela pode ocasionar também inflamações de pele, abortos e sintomas nervosos”.
Segundo o Heck, a estratégia já comprovada para diminuição do impacto dessas micotoxinas envolve o uso de enzimas que as degradem, método conhecido como biotransformação. “Há micro-organismos capazes de produzir essas enzimas, mas elas também são feitas em laboratórios. Inativadores de micotoxinas têm o potencial de proteger o fígado e estimular o sistema imune com compostos naturais. Com formulação que pode conter algas e vegetais, bactérias, leveduras e uma enzima purificada, o inativador transforma as micotoxinas em produtos inofensivos à saúde animal”, explica.