A estiagem que castigou as lavouras de soja e milho nesta safra não teve efeito negativo no cultivo do arroz, que se prepara para fechar a colheita de 8 milhões de toneladas – valor superior à estimativa inicial para esta safra, de 7,2 milhões de toneladas. A informação foi dada pelo presidente do Instituto Riograndense do Arroz (Irga), Guinter Frantz durante videoconferência da Câmara Setorial do Arroz, nesta quarta-feira (22), coordenada pelo secretário da Agricultura, pecuária e Desenvolvimento Rural, Covatti Filho.
“Estes números deixam o mercado interno em situação confortável, sem riscos de desabastecimento, sendo que inclusive pode-se pensar em exportação de arroz”, destacou Frantz. Outra avaliação é de que, com esses números, comparados com a perda sofrida pelas lavouras de soja, há a expectativa de que a área cultivada de arroz na próxima safra seja maior.
O presidente da Federarroz, Alexandre Velho, contou que, com a pandemia da Covid-19, houve redução no número de caminhões disponíveis para o transporte de arroz, da região de produção até os grandes centros consumidores. A federação enviou ofício para os ministérios do Transporte e da Agricultura, solicitando isenção de pedágios de caminhões vazios como forma de estímulo para o retorno de veículos à região de produção arrozeira. A Federarroz também está trabalhando na atualização dos custos de produção do arroz, números que servirão de guia para produtores e instituições financeiras planejarem o custeio da próxima safra.
O secretário Covatti Filho agendará reunião com Irga, Sindarroz, Federarroz e demais entidades ligadas ao setor, para dar continuidade às tratativas sobre a realização de uma campanha para estimular o consumo de arroz.
Outro ponto abordado foi o Programa Estadual de Produção de Milho (Pró-Milho/RS), que visa tornar o Rio Grande do Sul autossuficiente em milho. A ideia é incentivar a inclusão dessa cultura na rotação com a lavoura do arroz, contribuindo para o aumento de produtividade e sustentabilidade econômica e ambiental do sistema de cultivo.
A reunião da Câmara Setorial do Arroz contou com representantes da Embrapa, Fetag, Federarroz, Banco do Brasil, Conab, Agroriza, Sefaz, Acelbra, Farsul, Agas, Irga, Famurs, Sedetur, Banrisul.
Aumento no arroz não é por causa da pandemia
Depois de quatro anos com os preços do arroz abaixo dos custos de produção, em 2020 as cotações estão mais elevadas. Por isso, houve uma percepção de que o aumento no preço do cereal seria atribuído à pandemia de Covid-19, quando, na verdade, a alta já era esperada pelo mercado. Este é o teor de nota conjunta da Farsul, Fetag-RS e Federarroz, entregue durante a reunião da câmara setorial.
“A cotação do cereal está em alta no mercado internacional e, no ano passado, devido à redução da produção brasileira, consumiu-se parte dos estoques. Já havia expectativa de elevação de preços”, detalha o diretor administrativo da Farsul, Francisco Lineu Schardong. Conforme a nota, mesmo com a alta no valor da commodity, o arroz brasileiro ainda é um dos mais competitivos em nível global, oferecendo o quarto menor preço entre os 102 principais países produtores.