Nos últimos anos o Brasil tem se destacado no cenário global como um dos maiores produtores de grãos, em especial milho e soja. Somente na atual safra, segundo a Conab, a expectativa é que a colheita ultrapasse as 251,9 milhões de toneladas. No entanto, em algumas culturas básicas para a alimentação da população, como é o caso do trigo, a produção interna ainda é insuficiente.
O Brasil consome anualmente algo em torno de 10 milhões de toneladas de trigo. Entretanto nas duas últimas safras, foi produzido apenas metade disso. Com esse cenário o País depende da produção externa, especialmente do Mercosul e mais recentemente dos EUA, que em tempos de volatilidade econômica deixa o Brasil numa situação de vulnerabilidade.
O uso de inoculastes tem se mostrado uma boa alternativa para aumentar a produtividade do trigo plantado no país. Entre os diferenciais de sua utilização, além do aumento de produtividade, estão o melhor crescimento do sistema radicular, a fixação biológica de nitrogênio e a melhora na eficiência da absorção de água e nutrientes. O produto ajuda ainda na sustentação da planta, reduzindo o acamamento. “Ele faz com que a cultura se desenvolva mais, resultando assim numa planta mais sadia, resistente e produtiva”, destaca Fabio Scudeler, gerente de inovação e tecnologia da Biotrop.
Resultados comprovados
Testes realizados recentemente comprovaram a eficiência do produto em duas fazendas, no município de Itaberá/SP. No primeiro caso, o inoculante foi utilizado em uma área de 12 hectares. Comprovou-se que enquanto a área padrão da fazenda obteve 162 perfilhos por metro linear, o local em que foi aplicado o produto resultou em 201 – um incremento de 24%.
Ainda na mesma propriedade foi analisado o ganho de produtividade. Enquanto a área padrão da fazenda atingiu 72 sacas/ha, com o Azotrop o produtor alcançou 83sc/ha, um incremento de 15,7%, o equivalente a 11 sacas a mais por hectare. Se considerarmos a média de R$ 55,00 a saca, o ganho adicional foi de R$ 605,00 por hectare.
Na segunda fazenda os resultados alcançados também foram expressivos. Neste caso o inoculante foi aplicado em uma área de aproximadamente 15 hectares. Considerando o número de perfilhos por metro linear, a área testemunha atingiu 182. Já a área tratada alcançou 234 perfilhos. O resultado comprovou aumento de 28%.
Em produtividade a fazenda também obteve ganhos. Enquanto a área testemunha obteve 43 sacas/ha, a área tratada teve ganho de 21%, com 52 sacas/ha. Considerando a mesma média de R$ 55 a saca, o incremente foi de R$ 495/ha. “Existem muitos resultados que comprovam a eficiência do nosso produto. O aproveitamento do nitrogênio, associado com a capacidade de produção de fitormônios, faz com que a cultura aproveite melhor o nutriente presente no solo”, destaca Scudeler.
Busca por mais qualidade
Atualmente boa parte do trigo produzido no Brasil é destinado à produção de farelos para a nutrição animal. Um dos fatores que contribui para isso é ainda a baixa qualidade do grão brasileiro, que não atinge o padrão ideal necessário para o segmento de panificação, que melhor remunera o produtor.
De acordo com Ricardo Silva Araujo, engenheiro agrônomo e doutor em Fitopatologia/Bacteriologia, justamente por não atingir os níveis de qualidade e potencial produtivo elevado, é que não há tanto investimento e estudos na melhoria do grão. “O principal problema que vejo é o baixo valor. É uma cultura que não é atrativa por não ter qualidade e o país fica dependente da importação do trigo argentino para a panificação e uma série de outras aplicações industriais que precisam dessa força de glúten”, destaca o especialista.