Palmeira nativa da América do Sul, os butiás são muito comuns no sul do Brasil e tem transformado a vida de diversas famílias. Pensando em conectar as pessoas em torno dessa palmeira, foi criado o projeto “Rota dos butiazais”, uma proposta de uma rede internacional, com o objetivo de trocar saberes e incentivar o uso sustentável dos butiás e de todo ecossistema associado a ele.
A pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Rosa Lia Barbieri conta que o projeto conseguiu juntar universidades, instituições de pesquisa e associações de agricultores e artesãos. “Já tínhamos uma base científica tanto na parte nutricional, quanto de manejo do butiá. Percebemos que havia um vínculo de afeto das pessoas com a palmeira, então resolvemos criar esse projeto que conta com a participação de outros países onde o butiá também ocorre, como Uruguai e Argentina”, explicou.
Além da sensibilização da sociedade com relação à importância dos butiás, o projeto tem apresentado vários outros resultados como novas pesquisas e o envolvimento maior da agricultura familiar com a palmeira, a exemplo de iniciativas onde são aproveitadas as folhas do butiá para a confecção de bolsas e pastas de computador. “Nós ouvimos vários relatos de que as pessoas reforçam sua autoestima porque estão aproveitando um recurso que conhecem desde que nasceram e que está gerando renda. Isso fortalece o desenvolvimento regional e local”, ressaltou.
Barbieri comentou também sobre a importância do butiá que tem vários usos: na gastronomia, artesanato e cosméticos. De acordo com ela, em breve será lançado um livro com 150 receitas com o butiá, como pudins, lasanhas, bolos, crepes e sorvetes, além do já famoso suco e licor, muito conhecido no sul do país.
Mas apesar de ser bem tradicional nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, o butiá também é comum em parte de Minas Gerais, Goiás e sul da Bahia. Nesses lugares, ele é conhecido como coquinho azedo e é mais usado na produção de sucos e polpas congeladas.
Outra área em que o butiá é bastante aproveitado é no paisagismo. “É usado para embelezar jardins e quintais urbanos e rurais. A árvore apresenta elegância, é muito bonita, tem folhas de um verde azulado e produz frutos comestíveis.” Tem a vantagem, também, segundo a pesquisadora, de ser uma palmeira resistente a geadas e a temperaturas baixas. Isso é valorizado também no paisagismo da Europa e dos Estados Unidos, principalmente em locais frios.
Além disso, o fruto apresenta vários benefícios nutricionais. “É rico em vitamina C, carotenoides, pró vitamina A, é fonte de potássio e ferro e tem ação antioxidante, ou seja, tem vários benefícios para a saúde.” A especialista comentou ainda sobre estudos da ação do butiá no controle da glicose em doses altas elevadas no sangue.