Mesmo com uma situação difícil e atípica vivida em todo mundo, com a pandemia do coronavírus, uma das atividades que não interrompe suas atividades e continua a garantir o sustento do País é o campo. Tomando todos os cuidados recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o setor continua a produzir, dia após dia, de sol a sol, e já começa a planejar a próxima safra.
Independentemente do momento que vivemos, as preocupações, se não agravadas, permanecem as mesmas nesse período de decisões. Uma delas diz respeito ao controle de pragas das lavouras, dentre elas o percevejo. Recorrentes nas culturas, principalmente da soja, milho e algodão, há três safras ele se mantém no hall das preocupações do agricultor, exigindo uma média de aplicação de inseticidas na soja, por exemplo, de 2,6 aplicações por safra.
São três as principais espécies de percevejos-praga que acometem essa cultura: verde (Nezara viridula), pequeno (Piezodorus guildinii) e marrom (Euschistus heros). Tanto as ninfas quanto os adultos podem causar grandes danos à cultura da soja. O percevejo se alimenta diretamente dos grãos em formação, assim o impacto é percebido tanto em termos de rendimento, como na qualidade dos grãos. Já no cultivo do milho, o percevejo barriga-verde (Dichelops furcatus) é reconhecido como uma das principais pragas da cultura nos últimos anos, atacando desde o início de desenvolvimento da cultura.
Decisão pelo controle químico: o que comprar e em que fase aplicar?
O controle químico, para o qual o produtor já se prepara para a compra de produtos agora, ainda é a principal ferramenta de manejo de percevejos. Mas o que adquirir? Qual o melhor produto para a lavoura?
Segundo o Gerente de Produtos da ADAMA, Fabrício Pacheco, uma das principais empresas de proteção de cultivos do mundo, os produtos agrupados nos grupos químicos dos neonicotinóides e organosforadosapresentam modos de ação distintos e se complementam no combate aos percevejos.
A adoção, pelos agricultores, de produtos à base de misturas com neonicotinoides vem crescendo nas últimas três safras: 67, 72 e 77% (Fonte: Pesquisa Spark – Safra 2018 x 2019). “Dentro desse grupo, indicado para controle das ninfas e adultos, o agricultor encontra Galil, que pode ser utilizado tanto na cultura da soja quanto na do milho. No milho, recomenda-se a aplicação quando for constatada a presença do Percevejo-barriga-verde, logo após os primeiros dias da emergência, período no qual a cultura é mais sensível à praga.
Para a soja, a aplicação de Galil acontece na fase de “canivetinho”, ou assim que a população atingir dois percevejos por pano-de-batida em campos de soja para grãos e um percevejo por pano-de-batida em áreas para produção de sementes. “Os percevejos devem ser monitorados através de amostragens com o pano-de-batida, no mínimo, uma vez por semana, principalmente após o florescimento”, recomenda o engenheiro agrônomo.
Acompanhar a população do inseto garante controle mais efetivo
Para acompanhar a evolução da população de percevejos e definir a hora de efetuar o controle, as amostragens do inseto devem ser feitas com um pano-de-batida. Fabrício Pacheco lista abaixo as principais recomendações para que o agricultor seja mais certeiro em suas ações de controle:
– Estendendo o pano entre duas fileiras de soja, bate-se de maneira a sacudir bem as plantas, fazendo com que os percevejos caiam sobre o pano para serem contados.
– A vistoria na lavoura deve ser executada, no mínimo, uma vez por semana nas primeiras horas do dia, a partir do início do desenvolvimento de vagens – R3 (fase de “canivetinho”) até a maturação fisiológica – R7.
– Diferente das lagartas, que provocam desfolha quando atacam, os danos causados pelos percevejos só são percebidos, muitas vezes, na colheita.
– Se a população de percevejos persistir e estiver com dois insetos (adultos + ninfas) por metro de fileira de plantas, é necessário realizar o controle químico. A partir da fase de canivetinho, o acompanhamento da população dos percevejos com monitoramento semanal é fundamental e evitará prejuízos mais adiante.