Por Everton Carvalho* – O momento é propício para o desenvolvimento do setor de bovinocultura de corte– a peste suína africana (PSA) que assola a China desde o ano passado e o consequente aumento da demanda mundial por carne são alguns fatores importantes que justificam o crescimento de produção e de exportação da carne brasileira.
Para aproveitar esta oportunidade de forma mais eficiente e lucrativa, o sistema de confinamento, certamente, se apresenta como uma boa alternativa. Como um dos principais atores deste mercado, o Brasil tem hoje cerca de 5,6 milhões de cabeças de gado sob este sistema, sendo as regiões sudeste e centro-oeste as de maiores concentrações.
De acordo com o último levantamento do Serviço de Informação de Mercado (SIM), da DSM, o número (referente a 2019) representa um crescimento de 2% em relação ao ano anterior e 10,7% superior ao rebanho confinado em 2015, quando a empresa começou a fazer o levantamento.
Ainda que esta modalidade se mostre como uma boa opção para incrementar a produção, é necessário considerar os desafios inerentes ao aumento da concentração de animais e principalmente à sanidade. Fatores como: transporte, aglomeração, mudança de ambiente, alteração de dieta e poeira causam estresse nos animais, reduzem a imunidade e tornam o ambiente propício ao aparecimento de doenças virais e bacterianas.
Para se ter uma ideia do problema, as doenças respiratórias são responsáveis por 75% das enfermidades em confinamento e causam 50% das mortes. Hoje, a pneumonia é a doença de maior importância nos confinamentos brasileiros.
Animais diagnosticados com a doença ou ainda que a apresentem na forma subclínica (sem sinais clínicos) têm menor desempenho e podem deixar de ganhar até 26 Kg durante o período de confinamento.
Em um mercado cada vez mais exigente e de margens estreitas é inaceitável que tenhamos este tipo de perda. Por isso, é necessária a adoção de protocolos sanitários com produtos que atendam a todos estes desafios.
Imunizar o rebanho contra a pneumonia e outras doenças respiratórias de maior prevalência é a melhor e mais eficiente medida para garantir a saúde e a lucratividade do sistema. Independentemente do “efeito china”, e do momento oportuno com as altas nos preços da arroba, os pecuaristas precisam estar conscientes de que os investimentos em tecnologia para aumentar a produtividade são duradouros, visto que a expansão da cadeia de carne pelo mundo está cada vez mais fortalecida e a demanda global por carne só tende a crescer nos próximos anos.
(*) Everton Carvalho é Gerente Técnico de Bovinos e Equinos da Zoetis