Os carrapatos representam um dos principais problemas da pecuária brasileira. Devido a questões geográficas e epidemiológicas, algumas áreas do país são mais propensas a infestações desse parasita, como é o caso da região Sul. Levantamento da Embrapa Gado de Corte estima que as perdas atinjam US$ 3 bilhões por ano (cerca de R$ 15 bilhões). “O carrapato é o principal transmissor da Tristeza Parasitária Bovina nos rebanhos e provocam perdas significativas em produtividade, razão pela qual o prejuízo é tão elevado para a pecuária brasileira”, explica Guilherme Moura, gerente de serviços veterinários da unidade de grandes animais da Vetoquinol Saúde Animal.
Tristeza Parasitária Bovina (TPB) é o nome popular deste complexo de doenças, sendo elas a Babesiose e a Anaplasmose. Ambas apresentam sintomas similares que dificultam o diagnóstico diferencial a olho nu, mas seus agentes são diferentes e cada uma possui tratamento medicamentoso especifico.
A Babesiose é causada pelos protozoários Babesia bovis e Babesia bigemina, já a Anaplasmose é causada pela riquétsia Anaplasma spp. Ambos os agentes parasitários, quando inoculados nos bovinos pelo carrapato, vivem dentro das hemácias, as células vermelhas do sangue, responsáveis por transportar o oxigênio. “Os microrganismos multiplicam-se, o que causa a destruição das células, enfraquecendo o animal. A fase aguda da Babesiose surge entre 3 e 7 dias. Já o período de incubação da Anaplasmose leva em média 28 dias”.
Os sintomas são anemia, febre, pelos arrepiados, batimentos do coração acelerados, ausência de ruminação, redução na produção de leite e carne, quando não tratados ou tratados de forma ineficaz o quadro pode evoluir com mortalidades. “O animal fica apático, o que explica a origem do nome da doença. O produtor deve ficar atento ao peso e à temperatura dos animais. Os bovinos jovens ficam fracos, desidratados, deprimidos, com micção frequente, urina amarelo escura e muitas vezes não se alimenta. Os animais anêmicos apresentam uma dificuldade respiratória grave. As mucosas na fase inicial apresentam-se pálidas e se tornam ictéricas após a fase aguda da doença, podendo levar o animal a óbito”, alerta Guilherme Moura.