Enquanto algumas atividades na ciência estão aceleradas neste momento de quarentena, sobretudo nas instituições de pesquisa ligadas à área da saúde, outros segmentos científicos se organizam para manter os trabalhos de modo a reduzir os prejuízos nos estudos e na transferência de tecnologias às cadeias de produção. Este é o caso da ciência agronômica, partícipe na produção agrícola nacional, que não pode parar.
O Instituto Agronômico (IAC-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, está mantendo suas pesquisas em andamento e a prestação de serviços a agricultores e empresas. As ações exigem readequações com o objetivo de obter êxito no novo modo de trabalho exigido pela pandemia do coronavírus. No entanto, a prioridade absoluta da Instituição é atender aos decretos do Governador de modo a garantir a segurança de sua equipe e da população.
Segundo o diretor-geral do IAC, Marcos Antônio Machado, procedimentos estão sendo adotados para minimizar os impactos nos experimentos e a infraestrutura está sendo readequada para atender os funcionários que estão no teletrabalho. Sobre os servidores públicos mantidos no expediente presencial, medidas foram adotadas para reduzir o contato com o público externo.
“É da natureza da ciência o enfretamento dos desafios e a condução de tentativas na busca pelo objetivo traçado”, diz o diretor. Para ele, apesar do ineditismo da pandemia vivenciada e das incertezas trazidas pelo contexto, é fundamental que as instituições de ciência se organizem de modo a lidar com as dúvidas, traçando estratégias de redução de prejuízos e buscando manter a produção de respostas para a sociedade. “Esse é o papel da ciência em períodos normais e, sobretudo, em meio a crises”, resume.
Pesquisadores e técnicos com mais de 60 anos estão afastados das atividades presenciais. No Centro Experimental de Campinas IAC, os esforços estão direcionados para a produção de sementes de cultivares IAC. São essas sementes que garantem a qualidade dos materiais plantados nas lavouras nacionais. Também estão sendo finalizados alguns experimentos de feijão e amendoim. As colheitas também estão sendo encerradas.
Na área de fornecimento de sementes de cultivares IAC, uma equipe de quatro pessoas está manuseando minimamente os lotes, processando e embalando sementes de feijão, soja, triticale e aveia. A entrega das sementes será feita em um único dia da semana, por agendamento, para reduzir a interação social. “A maior procura é por venda de sementes para cereais de inverno, como trigo, triticale e aveia, além sorgo, que tem procura toda semana”, diz o pesquisador responsável pelo setor, Alisson Chiorato.
Em outras unidades do IAC estão sendo mantidas as estruturas de laboratório e experimentos em campos, onde alguns têm sistema de irrigação que precisam ser acompanhados. Na área de horticultura, por exemplo, há várias pesquisas conduzidas em propriedades privadas de parceiros. Nesses casos, a condução está sendo mantida pelos agricultores. Os atendimentos são feitos a distância por e-mail e WhatsApp.
No Programa Cana IAC, que tem intensa parceria com o setor privado, a equipe elegeu um grupo de atividades essenciais para manutenção das pesquisas e atendimentos de maior urgência ao setor de produção. Um dos exemplos é o Núcleo de Produção de Mudas Pré-Brotadas (MPB), onde há servidores atuando na produção, manutenção e irrigação dessas mudas. Também estão mantidas as ações de pesquisa e prestação de serviço na área de biotecnologia de cana. “Uma parte considerável das atividades tem sido executada por teletrabalho, principalmente análise do banco de dados experimentais do Programa Cana IAC e o preparo de relatórios que acompanharão as futuras variedades de cana IAC, que deverão ser apresentadas no último trimestre de 2020”, diz Marcos Guimarães de Andrade Landell, líder do Programa Cana IAC.