Revista Rural 261 / março 2020 – Conforme consta no relatório sobre o “Potencial de produção de biogás no Sul do Brasil”, os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul concentram 36% das plantas de biogás no Brasil. O estudo aponta que a agroindústria sul brasileira produz cerca de 89 mil metros cúbicos de biogás por dia, e que o potencial de ampliação deste volume é de 99%. Ou seja, com esse hipotético aumento, o biogás seria capaz de abastecer com eletricidade cerca de 2,6 milhões de casas populares por dia, se considerarmos o consumo médio de 220 kWh.
O estudo foi lançado por pesquisadores do projeto de “Aplicações do Biogás na Agroindústria Brasileira”, uma iniciativa do Fundo Global para Meio Ambiente (em inglês, GEF), em parceria com o Centro Internacional de Energias Renováveis – o CIBiogás. O objetivo é reduzir emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) e a dependência de combustíveis fósseis, utilizando como fonte alternativa a energia de biogás tanto para gerar eletricidade, quanto para produção de biometano – combustível para veículos. De acordo com Daiana Gotardo, membro do projeto GEF, os dados são referentes ao potencial de seis atividades: resíduos da bovinocultura, suinocultura, avicultura, laticínios, fecularias e abatedouros. A pesquisadora afirma que resíduos de cervejarias e de vitiniculturas (cultura de uvas para produção de vinho), entre outras atividades da agroindústria também serão mapeadas na próxima atualização do estudo. “Esse potencial de produção do Sul vai aumentar”, prevê.
A atividade da bovinocultura lidera no Sul, com 51% do total de produção de biogás, seguido pela suinocultura com 27% e avicultura com 10%. Os abatedouros, o processamento de mandioca e o setor de laticínios produzem respectivamente, 6%, 4% e 2% desta produção. O Oeste paranaense e catarinense, e o Noroeste rio grandense, são os maiores destaques em relação ao potencial de produção de biogás da região Sul.
Agronegócio mais sustentável
Para o diretor presidente do CIBiogás, Rafael González, é fundamental que o relatório alcance produtores rurais, investidores e fornecedores da cadeia de biogás do Brasil. “Para ter mais segurança e competitividade na tomada de decisão sobre investimentos e decisões estratégicas”. González explica que é possível tornar o agronegócio mais sustentável do ponto de vista econômico, com geração de renda e com redução de GEE por meio do tratamento dos resíduos. “É uma forma de estimular e fortalecer o agronegócio, partindo para uma economia limpa, uma forma de geração sustentável e redução de emissões”, afirma.
Biogás e Biometano
O biogás e o biometano podem ser utilizados para a geração de energia elétrica, energia térmica ou como combustível renovável para veículos – biometano. O processamento resulta em biofertilizantes de alta qualidade para uso agrícola. Os benefícios se estendem tanto ao pequeno produtor agrícola, que reduz os custos de sua atividade com o reaproveitamento de resíduos orgânicos, quanto ao desenvolvimento econômico nacional, já que um setor produtivo mais eficiente.