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Negócio de família

Voltado para as “agroindústrias” e agricultura familiar, pavilhão fez sucesso entre visitantes da Expointer.

Com lucratividade alta e vendas no azul (R$ 4 mi), o pavilhão da agricultura familiar ofereceu a quem lá esteve, diversos tipos de alimentos e bebidas, além do artesanato gaúcho, mostrando de maneira pulsante a cultura do povo rio grandense. As histórias dentro do recinto são diversas, e as famílias ali expõem seus pro-dutos em busca de novos clientes para expandir os negócios. Um exemplo disso é a Seiva Missioneira, cachaçaria familiar que em 2008 iniciou o trabalho para fazer o processo da cachaça artesanal. “No processo da produção, plantamos a cana lá em Caibaté (RS), e compramos alambiques. A bebida para ser boa, depois de 24 horas tem que estar fermentada, moída e limpa e aí a alambicamos”, conta Juliano Ezequiel Trindade da Silva, funcionário da cachaçaria.

Ele conta que hoje a produção beira os 15 mil litros por ano. E devido ao sucesso e a qualidade alcançada pela empresa, os donos decidiram ampliar o portfólio criando licores com frutas, sem conservantes. “Hoje temos 16 sabores, sem mistura, o que aumenta a palatabilidade dos nossos produzidos”, diz.

Silva comenta que para a Seiva estar na Expointer é fundamental, porque o pavilhão da agricultura familiar se torna uma vitrine para os visitantes conhecerem seu trabalho, através da degustação e por consequência se tornar um amplificador daquele trabalho para outras pessoas. “Vir a feira nos traz um lucro de vendas satisfatório, além de um grande resultado de exposição”.

Para o funcionário, o atual momento é positivo para se trabalhar com cachaça, pois as pessoas sabem apreciar um produto de qualidade. “Também está boa a questão dos impostos, uma vez que até pouco tempo atrás estava complicado, com valor excessivos, o que complicava todo o sistema de produção e comercialização das garrafas”, declara. Na cidade de Farroupilha (RS), está localizada a Queijaria Somacal, e Marcelo Somacal, seu proprietário comenta que a “agroindústria” surgiu da necessidade de melhorar a renda da família. “Tínhamos o trabalho com uva e gado de leite, e no princípio pensamos em fazer uma fábrica de geleia. Só que ao fazer um curso sobre queijo, descobrimos nossa vocação para esta atividade e aproveitar nosso gado”, diz. Ele conta que no começo produzia 300 litros de leite por semana e hoje processa três mil litros por dia. “O que é interessante é que quando começamos, não tínhamos divulgação e coisas nesse sentido, e aí quando viemos pela primeira vez para a Expointer, e vimos o trabalho que os colegas também realizam em suas famílias, nos serviu como impulso para investir mais e participar de eventos como este”. Somacal diz que está foi a sétima vez que estiveram expondo na Expointer, e que para industrias como a dele, é a maior vitrine que existe, pois no mesmo pavilhão são mais de 300 “agroindústrias” que são vistas por pessoas do País inteiro que visitam a feira. “Aqui somos visíveis aos olhos do mercado em grande escala”, comenta. No portfólio de produção da queijaria, o carro-chefe é o queijo colonial, por ser um tipo que agrega a toda família, sendo suave, não muito salgado, além de derreter bem para lanches, o que atrai compradores. “Mas, temos buscado diversificar fazendo o queijo colonial mais maturado, parmesão, queijo coalho também estamos produzindo agora, além do frescal e da ricota. Ou seja, é isso que vai nos ajudar a lucrar mais e ter maior sucesso em nossa empresa”. Hoje, o proprietário diz ver que cresceu em qualidade e com o passar dos anos está agregando valor a fabricação e propriedade. “A produção é 100% nossa, e em relação ao que começamos, a estrutura mudou bastante, conforme fomos comprando maquinários. Além disso, facilitamos nosso trabalho também com a parte artesanal, que é fundamental para o sucesso”, declara.

Não só de produtores vive o pavilhão, no caso da Aura Verde, por exemplo, beneficiar quem planta e cultiva tomate na região de Pelotas (RS) é uma mão de fazer a agricultura não parar e assim, a cadeia lucrar. Hoje a “agroindústria”, que tem apenas dois anos, produz molho de tomate e também antepastos, e seu proprietário, Jonathas Ribeiro, comenta que a empresa tem três pilares baseados no coletivo, sustentável e ecológico. “Dentro do coletivo procuramos fomentar a cadeia, então como já estamos na produção do produto final, nada mais interessante do que oferecer oportunidade para que produtores da nossa região sejam nossos fornecedores, uma vez que eles fazem o cultivo total do tomate”, diz.

Segundo ele, o intuito e segredo da busca pelo sucesso é sempre estar em contato, próximo com esses produtores, buscando desenvolver produtos que utilizem matéria até mesmo descartada pelos agricultores. “O interesse é ajuda-lo, uma vez que necessitamos do trabalho que ele realiza e juntos as oportunidades são bem maiores e concretas”. Atualmente, a Aura conta com quatro produtores fixos como fornecedores, o que é suficiente para a gama regional de vendas da empresa.

E por falar em mercado de vendas, a marca expôs pela primeira vez na Expointer, em busca do mercado de Porto Alegre. “Não imagino a feira como um retorno financeiro direto e sim com os contatos que fazemos, com novos clientes que surgem e novas oportunidade de movimentar a nossa economia”.

Texto: Bruno Zanholo • Fotos: Leandro Maciel de Souza

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