O aumento populacional nas próximas décadas tem impacto direto na produção de alimentos e, consequentemente, nos recursos para produzi-los, como a água. Dessa forma, a segurança hídrica da agropecuária depende de planejamento e adoção de práticas sustentáveis. A Embrapa Pecuária Sudeste, de São Carlos (SP), realiza pesquisas desde 2011 focadas em eficiência hídrica, envolvendo validação de manejos, processos e tecnologias para melhor gestão da água, tornando a atividade mais sustentável e rentável.
Para o coordenador de Estudos Setoriais, Thiago Fontenelle, da Agência Nacional de Águas (ANA), é necessário progredir na geração de informação e conhecimento sobre a produção animal e o uso da água. “Identificamos durante a elaboração do Plano Nacional de Segurança Hídrica (PNSH) que os riscos diretos à produção animal por fragilidades no balanço entre oferta e demanda de água já alcançam R$29,86 bilhões, podendo somar R$44,57 bilhões em 2030. Portanto, é preciso avançar nos estudos e medidas de gestão e infraestrutura hídrica e também na implementação de outros instrumentos, como o cadastro de usuários e a outorga de direito de uso da água”, explica Fontenelle. A geração e a aplicação do conhecimento vão contribuir para melhor qualificação das tomadas de decisão públicas e privadas.
De acordo com ele, a previsão de aumento da demanda por água nos próximos anos auxilia a própria ANA e os Estados no planejamento desse recurso natural no sentido de indicar regiões que possuem disponibilidade hídrica que suporte o crescimento dos rebanhos. “Com isso, podemos fornecer para as políticas públicas e para o setor privado indicadores de risco para a expansão da atividade”, esclarece.
Durante o VI Simpósio de ProduçãoAnimal e Recursos Hídricos (SPARH), o especialista da ANA vai apresentar um panorama do uso da água pela pecuária no Brasil e os desafios para atividade internalizar os instrumentos de gestão hídrica. Também, serão debatidas as interelações do consumo animal com outros setores e a segurança hídrica.
As inscrições para o simpósio terminam nesta sexta-feira, dia 13 de março. O evento, realizado pela Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos (SP), ocorre nos dias 19 e 20 de março.
Além do panorama do uso da água para pecuária no país, o SPARH vai tratar de temas como o impacto das mudanças climáticas na disponibilidade hídrica, novas proteínas baseadas em vegetais e células de animais, interpretação de análises de qualidade da água, técnicas para medir o consumo em propriedade rural, custos e receitas ambientais estarão em destaque nas discussões durante os dois dias de evento.