Os projetos produtivos desenvolvidos por jovens rurais de General Câmara evidenciam a importância do programa Bolsa Juventude Rural, da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr). O programa dá a oportunidade de acesso e conclusão do Ensino Médio e de sua permanência dos jovens no campo, por meio de ações para desenvolvimento das propriedades familiares. Em 2019, foram oferecidas 350 bolsas no valor unitário de R$ 2 mil a jovens rurais de baixa renda com idade entre 15 e 29 anos. Para 2020, são 471 bolsas, e o prazo de seleção está aberto.
Em General Câmara, foram beneficiados sete estudantes do Instituto Estadual de Educação Vasconcelos Jardim. Na semana passada, a equipe técnica do Departamento de Agricultura Familiar e Agroindústria (Dafa), da Seapdr, visitou o município para acompanhar a implantação de projetos produtivos de três bolsistas. A equipe do Dafa foi recebida na Secretaria da Agricultura do município pela diretora Jéssica dos Santos e pelo médico veterinário Anderson Renato Ciotto, que ajudou a divulgar o programa nas instituições de ensino do município. Renato auxiliou os candidatos ao longo das etapas do programa, foi o técnico responsável pela elaboração dos projetos e segue acompanhando sua implantação.
“A elaboração dos projetos foi realizada por meio de visitas às propriedades e levou em consideração os anseios dos jovens, a aptidão familiar e a existência de políticas públicas de fomento à produção e incentivo à comercialização”, explicou Renato. Segundo o servidor, as políticas públicas disponíveis possibilitam aos técnicos a chance de planejar e dar assistência mais direcionada e qualificada aos produtores.
Açude para piscicultura
Na propriedade de Samuel da Silva Azevedo, 17 anos, na localidade de Linha Potreiro, o projeto produtivo consistiu na construção de um açude para piscicultura, escavado recentemente, com produção pelo sistema de policultivo de carpas. A escolha de Samuel se amparou pela existência de um projeto municipal de incentivo e apoio à piscicultura. Além disso, o município conta com um abatedouro frigorífico de pescado. Agora, Samuel aguarda o momento de colocar os alevinos no açude e já planeja futuro investimento para adquirir um aerador e cercar a área, para evitar predadores. “Aqui na propriedade é outra vida. Tudo o que eu tenho aqui, não teria na cidade”, destacou o jovem, que pretende continuar no meio rural após concluir o Ensino Médio, referindo-se não só à produção, mas também à qualidade de vida.
Luiza Borges de Vargas, 18 anos, aproveitou o recurso da Bolsa Juventude Rural para implantar uma horta irrigada para a subsistência da família. A família já cercou a horta e aguarda o fim da estiagem para fazer o plantio e instalar o sistema de irrigação. Sua decisão pela horta foi pensando em auxiliar os pais, para que tenham produção de hortaliças próximo à moradia, facilitando o trabalho e abrindo a possibilidade de até participar de programas de aquisição de alimentos da agricultura familiar. Em relação à crescente dificuldade de sucessão familiar, Luiza avalia ser visível a desvalorização dos agricultores, especialmente pelas pessoas que residem no meio urbano. Destacou também a necessidade de mais programas e recursos mais acessíveis para o agricultor familiar poder produzir e arcar com os custos e riscos da atividade diante das questões climáticas.
Galinheiro novo e horta
A terceira propriedade visitada foi a de Renata de Avila Lima, 18 anos, localizada na localidade de Volta do Barreto, onde a família tinha um galinheiro antigo, sem boas condições para produção. Com os recursos da bolsa, a família construiu um novo galinheiro e pretende implantar uma horta no local do antigo aviário. O projeto visa a abrigar melhor as aves que são criadas soltas, em caso de adversidades climáticas, bem como a poder ampliar a produção de ovos. Além da venda direta, o projeto possibilita também a busca por outros mercados por meio da implantação de uma agroindústria, já que o município tem um projeto de incentivo ao segmento.
A ideia do projeto já havia sido pensada pelo irmão mais velho da Renata, que não teve a possibilidade de implantar. Com o recurso da bolsa, a obra agora é uma realidade. Sobre o êxodo rural dos jovens e as dificuldades do campo, Renata comentou que a população urbana tem uma percepção de inferioridade dos jovens rurais.
“O programa Bolsa Juventude Rural alia dois importantes pilares: a educação, permitindo aos jovens acesso e permanência na escola durante o Ensino Médio, e o desenvolvimento rural, com a implantação de projetos produtivos que garantem a permanência do jovem no campo”, afirma o secretário da Agricultura, Covatti Filho.