Mais uma vez o Fórum Nacional da Soja, promovido pela Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS), em parceria com a Cotrijal e apoio da CCGL Termasa Tergrasa, lotou o auditório principal da Expodireto Cotrijal. Em sua 31ª edição, o evento, que ocorreu dia 3 de março, encampou a questão da inovação, preconizada pela feira neste ano, e apresentou o que tem sido feito de inovações tecnológicas para o setor.
Em sua manifestação, o presidente da FecoAgro/RS, Paulo Pires, informou que a entidade já vem trabalhando no quesito inovação desde o ano passado quando, em setembro, realizou missão ao Vale do Silício. A partir daí, foi realizada nova reunião que definiu um grupo de representantes das cooperativas agropecuárias gaúchas para trabalhar um programa onde foram definidos três Núcleos Piloto de Inovação (NPI). “Nos identifica muito o trabalho que estamos desenvolvendo na FecoAgro/RS nesta questão da inovação e a Arena Agrodigital feita aqui talvez como a grande novidade dessa exposição. E dentro deste contexto nós não poderíamos deixar de incluir aqui no Fórum da Soja esta questão”, observou.
O primeiro palestrante foi o fundador e CEO da Hypercubes, Fábio Teixeira. A startup norte-americana é desenvolvedora de um programa espacial para o agronegócio em parceria com produtores, agrônomos e pesquisadores brasileiros. O palestrante foi a primeira pessoa a conquistar uma bolsa integral para cursar o programa da Singularity University, situada no campus de pesquisa da Nasa. Teixeira formulou uma teoria de teletransporte quântico do efeito fotoelétrico para a transmissão de energia solar do espaço, que lhe rendeu nova bolsa para estudar engenharia espacial na International Space University.
Teixeira contou que um dos principais desafios desde que começou a frequentar o ambiente tecnológico era o de buscar uma solução para suprir a demanda por alimentos no mundo, a partir dos dados de que em 2050 a população global deverá chegar a 10 bilhões de pessoas. “Vamos aumentar a população tendo o consumo de alimentos, água e energia, tudo com impacto no meio ambiente. Os maiores problemas são as maiores oportunidades e neste sentido tempo uma oportunidade para o Brasil”, afirmou.
O CEO da Hypercubes também falou sobre a evolução da tecnologia no campo. Lembrou que há dez anos eram necessárias máquinas maiores e agora as decisões podem ser tomadas por grupos de algoritmos. “É um passo grande, mas é preciso dar autonomia para a nova geração que está vindo porque o que eles entendem é de tecnologia. O nosso trabalho é empoderá-los, mostrar o caminho”, analisou.
Teixeira também apresentou as tecnologias que a Hypercubes está desenvolvendo a favor da agricultura, como satélites do tamanho de caixas de sapato que utilizam de inteligência artificial para mapear áreas e identificar os problemas dentro das lavouras. “Por ser infinitamente menor e mais barato, a gente consegue pode colocar em órbita uma constelação inteira, não apenas um ou dois. Uma rede de cerca de cem satélites pode fazer esta análise química da terra todos os dias. Existe uma série de aplicações para esta tecnologia que é extremamente poderosa que nos permite entender em nível molecular como as coisas são feitas”, finalizou.
O mercado também foi tema do Fórum Nacional da Soja. O consultor Alexandre Mendonça de Barros, da MB Agro, abordou as perspectivas da economia no Brasil e no Mundo. Antes de entrar no cenário atual, mostrou como era a balança comercial agrícola nos anos de 1990 e atualmente, apresentando o crescimento do Brasil e a dependência da China, que decidiu apostar em culturas como trigo e arroz em detrimento da soja. “O que acontece lá nos afeta profundamente. Só queria que a gente pensasse nessa transição, o que custou para a China isto? E qual foi a decisão estratégica do governo chinês? Essa é a grande questão que deve estar na cabeça do brasileiro”, questionou.
Na atualidade, a China é centro das atenções por causa da Peste Suína, Coronavírus e um novo surto de Influenza Aviária. De acordo com Mendonça de Barros, o vírus, mesmo que não seja o mais fatal, mas sim o de mais rápida disseminação, paralisou a economia e a previsão é que apenas a partir de abril haja normalização, fazendo com que novamente se abram oportunidades para o Brasil. “Todo o sistema de distribuição de alimentos está comprometido, pois o chinês se alimenta muito no trabalho. Tem contêineres cheios e parados nos portos chineses com produtos armazenados que não conseguem, ir para o interior da China. Com a escassez vai aumentando provavelmente virá um rebote de demanda para restabelecer os estoques que deterioram no país”, concluiu.
Foto: Andreia Odriozola/AgroEffective/Divulgação